Autor: Ricardo M Santos

O eurocentrismo de Duarte Pacheco

Não, este não é só um texto sobre a Venezuela. Esta é uma reflexão sobre declarações proferidas por Duarte Pacheco, deputado do PSD, no Esquerda-Direita da SIC Notícias, sobre a legitimidade da ONU e da UE. Duarte Pacheco não é só mais um deputado, é também secretário da Mesa da Assembleia da República. A desvalorização do papel da ONU é um padrão que tem vindo a ganhar adeptos entre os representantes dos Estados mais reacionários e unilateralistas, como Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil.

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A ignorância de Bruno Caetano

Confesso que, até ontem, não sabia quem era Bruno Caetano. Continuo sem saber porque não acompanhei a TVI nem a TVI24 num dia que foi inteiramente dedicado à promoção do fascismo, com palco dado a um criminoso condenado, envolvido num homicídio resultante de crime de ódio. Fui, no entanto, acompanhando as redes sociais ao longo do dia. Hoje, deparo-me com um comunicado do Bruno Cateano, jornalista, ainda que, ao que parece, sem carteira profissional. O repórter do programa da manhã da TVI começa por afirmar, num comunicado, que apenas visava ouvir Mário Machado e as suas convicções sobre Salazar. Ora, caro Bruno, as convicções de Mário Machado são conhecidas de todos, há muitos anos. É um neo-nazi assumido. Deixa-me então ir, ponto por ponto, onde é que o teu comunicado é estúpido e ignorante. E, repara, faço isto partindo do princípio, benéfico para ti, que és de facto ignorante e não o fizeste de forma premeditada para agora vires fazer este papel tão ao mais triste do que aquele que fizeste ontem.

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Um tal de Soeiro

Na semana passada, fiz o post que se segue, em torno de uma imagem extraída do site do Bloco de Esquerda, onde pode ler-se “Justiça para os pedreiros”. Ora, confesso, nunca na minha vida tinha ouvido alguém referir-se a pedreiro como sendo trabalhador das pedreiras. Nem eu, nem a Classificação Nacional de Profissões, disponível aqui, no site do Instituto Nacional de Estatística.

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Silêncio

Calados, caladinhos, cabeça baixa, orelhas que tapem os ouvidos, que vão falar os comunistas. Os velhos e cansados, os que desde 1921 que vão acabar, os retrógrados e contra o progresso, mais o liberalismo que é o futuro, mais o feminismo urbano-burguês. Mudos, calados obedientes, que o pensamento é só um, só pode ser um, que é a natureza humana. Calem-se as ideologias estafadas da igualdade de oportunidades do trabalho com direitos e do direito ao trabalho. São millenials, querem T0 com 2 metros quadrados, querem Uber e Glovo, que se foda quem paga as motas e os carros. Isto salva-se com o Banco Alimentar, desde que não haja bifes, porque temos de deixar que nos roam os ossos. Não há uma app que mastigue por mim? É a vida, só há um caminho, é a natureza humana, que é fodida, porque o ser humano é egoísta quando nasce. Claro que há igualdade desde que não abane o défice, que o défice cai bem em qualquer mesa, não pode é haver muita chatice, diz que é pessoal lá em Bruxelas que diz que somos uns calões; calados e mudos. O quarto poder e tal, que anda um bocado mau, o senhor Presidente da República até falou sobre isso.

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Eventualmente, precários – Um abraço de Leixões até Setúbal

Hoje foi o dia, mais um dia, em que o Governo do PS alinhou num plano para furar a luta de cerca de 90 trabalhadores, que o são eventualmente, num plano orquestrado em conjunto Operestiva. O pretexto é, como não podia deixar de ser, a Autoeuropa. A empresa que é o alfa e o ómega do que são as nossas exportações e, por isso, tem de valer tudo. Não podemos pôr as pessoas à frente do PIB, não vá o PIB atropelá-las, o PIB que vai subindo a toda a velocidade, rumo nos píncaros de todos os PIB, nos Himalaias dos PIB. A Autoeuropa e os seus trabalhadores, que também são um exemplo de união e luta e eram os melhores do Mundo até dizerem não à administração. A partir daí, passaram a ser uns irresponsáveis que, citando Camilo Lourenço “mereciam salário zero”.

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A Caravana

Nas últimas semanas, chegou-nos aos olhos e aos ouvidos a história de uma caravana de milhares de emigrantes partidos das Honduras rumo aos EUA. A forma como a história é tratada deveria fazer pensar todos os que estão envolvidos no jornalismo. A começar pelos próprios. O que fica da informação que é dada é que, de repente, milhares de pessoas decidiram partir das Honduras, a pé, atravessar o México e tentar entrar nos EUA em busca de uma vida melhor. Não me recordo – e a caixa de comentários está aí para quem quiser fazer o favor de me corrigir, o que agradeço – de ver nestas peças os motivos que levam milhares de pessoas a abandonar o seu país, a pé, percorrerem centenas de quilómetros e tentarem entrar num país em que, à partida, sabem que serão barrados.

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A manipulação da História pelo fascismo: Uma história antiga

A ascensão da extrema-direita, seja na sua vertente fascista ou neonazi, acontece um função de circunstâncias sociais e económicas específicas, que o capitalismo alimenta através das suas crises cíclicas. Assim, a História repete-se mesmo. Há 100 anos, mais coisa menos coisa, a Alemanha saía derrotada da I Guerra Mundial. Humilhada com o Tratado de Versalhes, nascia entre os militares e os defensores do Império Germânico uma vontade de vingança. Os aliados, que também aproveitaram para ganhar territórios à Rússia, então já com os sovietes no poder, estavam mais preocupados em conter a ameaça comunista, preferindo e simpatizando com os totalitarismos da extrema-direita que já existiam antes da II Grande Guerra, nomeadamente em Itália, em Espanha e Portugal, com a ditadura imposta em 1926.

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A UE, a Hungria e as duas faces da mesma moeda

A votação de ontem no Parlamento Europeu, sobre a Hungria, abriu uma nova frente de ataque ao PCP, despoletada pela forma como o voto do PCP é anunciado nas notícias. E, como vícios antigos não se perdem, mesmo apesar do verão passado, dirigentes do Bloco acusam o PCP de estar ao lado dos fascistas. Mas, em boa verdade, o que menos me preocupa são os tiquezinhos dos dirigentes do Bloco. Bem mais grave é a manipulação que fazem e em que embarcam.

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