Capitalismo para totós II – Colaborador

Nacional

Colaboradores – termo que designa o conjunto das assalariados de uma empresa, independentemente do regime contratual. No essencial, mascara duas dimensões fundamentais das relações sociais capitalistas: a do trabalho e a da exploração.

O colaborador colabora, não trabalha.
O colaborador colabora, não é explorado.

Além disso, o termo não comporta uma dimensão contratual ou referente a relação estável, antes faz uma remissão subentendida para uma situação volátil. O empregado ou trabalhador estão relacionados com o exercício de uma profissão, de um ofício ou de um conjunto de tarefas que exigem determinada perícia. Já o termo colaborador induz uma concepção amorfa, não especializada e efémera. Colaboras hoje, podes não colaborar amanhã.

A colaboração, “co-laboração”, contém ainda um significado que sugere voluntarismo e cooperação entre partes iguais, quando na realidade, no contexto capitalista, a relação laboral é de parasitismo e não de cooperação. Apesar de todo o processo produtivo ser cooperativo, porque o é de facto, as relações sociais que o conformam são de exploração entre patrão e trabalhador e, muitas vezes, de competição entre trabalhadores.

Com este termo, o capitalismo alimenta a ideia de que não existe confronto de interesses entre as classes exploradas e exploradoras, num ambiente de colaboração e não de exploração. Mas talvez ainda mais importante, é a forma como neutraliza termos e vocábulos que são utilizados como identificadores de determinadas classes: trabalhadores, operários, proletários. Com esta manipulação dos termos, o capitalismo alimenta a ilusão de que esses termos são coisas do passado e assim esvazia o universo ao qual se aplica a doutrina revolucionária, que é precisamente a esse conjunto.