Novos planos turcos para a desestabilização da Síria

Internacional

Em Outubro de 2012 o conflito sírio esteve prestes a alargar-se de forma absolutamente dramática quando um tiro de morteiro proveniente de território da Síria explodiu numa aldeia fronteiriça turca. As autoridades sírias negaram prontamente a sua responsabilidade relativamente a um acto que em nada beneficiaria a Síria, no momento em que os chamados “rebeldes” ganhavam terreno e controlavam vastas zonas do território. Meses antes havia ocorrido o incidente do avião turco abatido quando violou território sírio, um episódio que mereceu palavras desenvergonhadas do então ministro dos negócios estrangeiros, Paulo Portas.

Muito foi o ruído criado em torno das duas situações referidas, com a Síria e o seu exército imediatamente condenados em praça pública. A verdade é que uma simples análise superficial ao contexto do momento seria suficiente para compreender a provocação em curso.

Vem isto a propósito de recentes notícias sobre planos turcos para desestabilizar novamente a Síria, numa fase do conflito em que os chamados “rebeldes” já não avançam e apenas recuam: durante várias conversas gravadas e depois divulgadas no Youtube (cujo acesso foi entretanto barrado na Turquia), ministros e gente dos serviços secretos turcos referem que existe uma oportunidade para uma intervenção turca na Síria. Hakam Fidan, o chefe dos serviços secretos, sugere o envio de quatro homens para a Síria no sentido de criar um pretexto através do lançamento de um míssil contra território turco e de um ataque orquestrado ao túmulo de Suleyman Shah.

Não duvido, embora naturalmente não o possa demonstrar, que os acontecimentos de 2012 tiveram origem no mesmo tipo de planos conspirativos e provocatórios. E lembro que um eventual ataque da Síria à Turquia poderia resultar numa reacção em cadeia totalmente desvantajosa para a Síria e para a situação da guerra naquele país, que começa a pender claramente para o lado do seu exército. Um ataque à Turquia seria, de acordo com os princípios da NATO, um ataque a toda a aliança. Não desligo sequer, numa primeira análise, estes planos provocatórios, agora desmascarados, da situação da Crimeia e do Mar Negro, conhecido que é o apoio russo à Síria na sua luta contra os grupos armados multinacionais que ali combatem.

O mundo é um lugar perigoso e há nele quem não hesite em colocar em risco a segurança das pessoas comuns, dos anónimos acerca dos quais “não reza a história”, para promover a guerra, a rapina, a desestabilização e o domínio sobre recursos (de vária natureza) tão abundantes naquela parte do planeta.