Capitalismo para totós III – Austeridade

Nacional

Austeridade – o termo encontrado pelos teóricos e governantes do estado capitalista para definir uma política de supressão do Estado e dos serviços públicos. “Austeridade” é um termo com uma carga de moralidade, aliás, “austeridade” significa tanto “severidade”, como “rigor”. A questão aqui não é tanto sobre o significado da palavra, mas sobre o acerto do termo. A utilização do termo aqui é propositada para confundir a realidade com o conceito. Ou seja, não é o significado de “austeridade” que é distorcido, mas é a aplicação desse conceito que tenta disfarçar a situação real com que estamos confrontados.

Por um lado, porque os povos sujeitos à chamada “política de austeridade” não são governados com rigor, nem as imposições de miséria e o esbulho que empobrecem os trabalhadores estão revestidos de qualquer “ética social” ou “moralidade”. Basta verificar que as maiores fortunas, o capital nacional e transnacional continuam a crescer a ritmo alucinante, na proporção directa do empobrecimento das camadas trabalhadoras e intermédias da população.

A “austeridade” não é a aplicação de uma qualquer “disciplina” na economia, é apenas a forçada diminuição de despesa (e na maior parte dos casos da receita igualmente) dos Estados, como forma de comprimir totalmente o serviço público, garantindo a apropriação pelos interesses privados, amassando mais e mais áreas de negócio e mais e mais lucros.

A disciplina imposta à esfera pública é contraposta pela total liberdade de aquisições por privadas, pela desregulação das relações laborais e pela selvajaria da exploração e do desmantelamento dos próprios Estados. A contracção do investimento, da despesa e da receita públicas, são afinal de contas, a verdadeira expressão da “austeridade” que impõe brutais constrangimentos económicos a uns para assegurar a opulência de outros.A pretexto dessa “austeridade” pública, os patrões encontram mais uma justificação para impor igualmente piores condições de exploração do trabalho e assim, desvalorizando o trabalho, garantir mais lucro. Por isso mesmo, no actual contexto, a expressão certa para “política de austeridade” seria “roubo massivo” ou “crime organizado”.