Manifesto dos 74 -1

Nacional

Parece que o manifesto dos 74 – o outro, não este – perdeu um membro e retirou o simbolismo ao nome da coisa, remetendo agora para os idos de 73. Perdeu-se o simbolismo e perdeu-se o presidente da CIP, um dos patrões dos patrões, mas acredito que não será difícil arranjar pessoa-notável que o substitua, tendo em conta a abrangência ideológica dos assinantes. Sim, qualquer um pode assinar, bastando para isso que seja pessoa-notável.

Ainda assim, continua a haver pelo menos 73 pessoas-notáveis que apoiam uma proposta do PCP antiga de 2011, que até já esteve por três vezes em discussão na Assembleia da República, tendo os projectos de resolução dado entrada nos dias 21 de Junho de 2011, 1 de Junho de 2012, 19 de Setembro de 2012 e voltará a ser apresentado na actual sessão legislativa.
Fica portanto a bondade da proposta e dos seus subscritores, alguns deles enterrados no lodo das políticas que nos trouxeram até aqui, de braço dado com progressistas de uma direita que se diz canhota.

Portugal está hoje tão pior que me divido entre o nojo e a raiva. Portugal enquanto país de pessoas, não vá isto baralhar o Montenegro. Crianças com fome nas escolas, pessoas que morrem por falta de assistência médica, sem dinheiro para medicamentos, onde temos de escolher se alimentamos o estômago ou vivemos à luz da vela, onde se percorrem quilómetros a pé para tratamentos imprescindíveis, casais despejados em Coimbra que a Segurança Social quer separar e colocar em Lisboa e Porto.

Aquelas notícias que nos chocavam quando as ouvíamos vindas da Grécia, lá longe, batem-nos à porta todos os dias e nós, meio atordoados vamos procurando digerir tudo, acumulando medos e revoltas. O segredo está em não guardá-las cá dentro, até porque pode ter consequências na saúde e o senhor ministro Paulo Macedo já avisou que andamos a tomar medicamentos a mais.

Abril chegou e, como em todos os anos, parece mentira, por causa da tradição. Façamos então com que Abril seja verdade, as suas conquistas e avanços que acabaram desbaratados pouco tempo depois, com socialismos na gaveta e a promessa de um mundo maravilhoso na então CEE, onde nem era preciso produzir para haver dinheiro.

Que a Grécia que temos na porta ao lado nos faça abrir os olhos e defender o que devíamos estar a celebrar.