Carta ao meu Partido

Nacional

Ora então aqui estamos, que mesmo de mil mortes anunciadas não te roubaram nunca a vida, nem tampouco um só ano de todos os teus cem. Que por entre as marés da história das histórias todas, bastará tão somente entre as vagas, um só camarada chamar camarada a outro, que tu sempre viverás.

Como de outra forma poderia ser, que se há tanto passado em ti, meu Partido, és ainda a juventude do mundo e a esperança de futuro. Que é tua argamassa a foice da ceifeira eterna e o martelo do operário resiliente, a que se juntou de braço dado, em fundação, a pena do intelectual, que todos foram muitos para te alevantar, que todos somos poucos para te continuar.

Erguemos ao alto, inchados de orgulho é certo, o teu passado bandeira, que é identidade da nossa gente e gritamos ainda o teu nome, bem alto também, que sabemos dizer ao mesmo tempo o nosso, que a tua graça tem em si os nomes todos de todos os que persistiram, de todos quantos foram presos, torturados e mortos. Mas que saibam que não há sangue comunista que corra do lado errado, que todo esse vermelho derramado é hoje vermelho-vivo, é vermelho que deu cor à liberdade pintada de retoques finais em abril e em maio.

E, como se enganam os que te anunciam o fim, afinal é de aço que és temperado, é de amor que te revestes no teu acto revolucionário, que te move os sentidos em profundo anseio de liberdade, é de igualdade que te fazes, é de sonho que te alevantas e o sonho não é coisa que morra ou que se mate. Porque, a bem da verdade, não é o fim que te vislumbram, é só medo que lhes tolda a razão, que te sabem vivo, influente e jovem, que te sabem transformador e carregado de razão, é o medo que têm de um mundo novo e do seu homem novo e da sua mulher nova, que do sacrifício de fome e pobreza e sobrevivência que impõe ao seu próprio povo tremem só de pensar, que todo este nosso sonho que estamos concretizando na linearidade do tempo, deite pelo chão o seu castelo de cartas.

Porém, que estes cem anos sejam só sobre ti, que se centre em volta dos que te construíram, dos que sussurraram o teu nome na noite longa, dos que te lançaram loas e vivas na alvorada da liberdade, dos que ainda te sonham e abrem caminho, dos que virão ainda ajudar-te a ajudar todos. Que sejam estes cem anos sobre os povos amigos com quem construíste a sua dignidade, por quem lutaste pela sua autodeterminação, sobre os povos com quem te solidarizaste desde a primeira hora e todas as outras que se seguiram, sem medo, de forma empenhada. Que seja sobre as tuas conquistas, sobre a tua heroicidade e resistência, que seja sobre as tuas mulheres e os teu homens, pelos que lutaste e pelos que lutaram contigo. Que possam os de hoje, que possa eu, que possam os de amanhã, como puderam tantos outros antes, encontrar em ti o sossego de ser desassossegado, a quietude de ser inquieto, a calma de acalmar os dentes cerrados e fincados da raiva nascida na injustiça e desigualdade.

Como disse timoneiro de outro tempo, luz de todos os tempos por vir, que seja sempre da seguinte forma, que a alegria de viver e de lutar nos venha da profunda convicção de que é justa, empolgante e invencível a causa por que lutamos.

Que eu te agradeço em nome de um povo que é teu, que és também tu do teu povo. Povo teu que te felicita neste teu Centenário.

ps:
Festejamos juntos, tu e os nossos, camaradas e muitos mais amigos, daqui a uns dias, na tua, e, nossa «Festa do Avante!» os teus cem anos.

9 Comments

  • Manuela Galhofo e

    27 Agosto, 2021 às

    Lá estaremos!
    Viva a Festa!
    Viva o PCP!

  • Manuela Galhofo e

    27 Agosto, 2021 às

    Lá estaremos!
    A trabalhar, a conviver, a ver tudo.
    A VIVER Festa!

  • Dolores Cruz

    25 Agosto, 2021 às

    O PCP não morre enquanto pugnar pelos valores de Abril!! Sem excepções nem contemplações!!

  • Maria Belo

    24 Agosto, 2021 às

    Estarei la para festejar Camarada, o PCP não morre enquanto houver um Camarada vivo ! Viva o Centenário do PCP !

  • Filipe Rua

    24 Agosto, 2021 às

    Viva o glorioso Partido Comunista Português.

  • Rsantiago

    24 Agosto, 2021 às

    Excelente camarada

  • manuel amorim

    23 Agosto, 2021 às

    BELO TEXTO, OBRIGADO AO CAMARADA CASTELA.

  • João Pedro

    23 Agosto, 2021 às

    Como dizia Neruda, o Partido tornou-o indestrutível. É esse também o nosso caso, como resulta, aliás, do texto que nos ofereces e que partilharei.

  • José Manangão

    23 Agosto, 2021 às

    Espero estar lá, para festejar!

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