Todos os artigos: Nacional

A esquerda kamalizada

A crise da esquerda no Ocidente é a crise do liberalismo perante o retorno do fascismo. Até há pouco tempo, o voto em soluções simbólicas parecia inteligente: votar Livre, BE ou PS seria uma forma de soprar os valores de esquerda numa ordem que, sem esse compromisso totalmente feito de cedências políticas e avanços retóricos, seria ainda pior. Mas esse jogo está a acabar – e é o fascismo que está a vencer. Nas eleições de 18 de Maio, o eleitorado que se identifica com esses valores de esquerda tem diante de si duas opcões: o suicídio político ou o voto na CDU.

Votar nos congéneres portugueses de Kamala Harris, incluindo nos ecos de Bernie Sanders ou de Alexandria Ocasio-Cortez, é pavimentar o caminho para um Trump português. Já praticamente indistinguíveis, PAN, PS, BE e Livre são iterações ideológicas do mesmo liberalismo social de Kamala Harris, Bernie e AOC que se tornou repulsivo para milhões de trabalhadores estado-unidenses: elitista; desligado do mundo do trabalho; imperialista; cosmopolita e desenraizado da cultura nacional. Não importa se gostamos mais ou menos de Kamala, de Bernie ou de AOC: já sabemos que não funciona.

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Os pobres e a guerra

Foi criada, nos últimos tempos, uma histeria mediática e política, que começou na UE e se alastrou a Portugal, em torno da necessidade do rearmamento da União Europeia. Para isso, as escrupulosas regras da UE dos limites aos défices e dívidas nacionais deixarão de estar em vigor. Note-se que, com países como Portugal a enfrentarem uma gravíssima crise na habitação e no Serviço Nacional de Saúde, essas regras nunca foram levantadas, ou foi, sequer, solicitado pelos governos fazê-lo. No entanto, para a indústria da guerra, vai valer tudo.

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A pingoleta, o garfo, a prostituta e o universo

A recente investida tauromáquica protagonizada por José Rodrigues dos Santos contra o secretário-geral do PCP, causou, muito estranhamente, reacções de estupefacção e escândalo em muito boa gente. Pelas opiniões negativas verificadas um pouco por todo o lado, mesmo por não comunistas, parece ter havido quem olhasse para o “one man show” que é, há muito, o telejornal da RTP – e cujo “one man” é “só” alguém que, dois mil anos depois, diz ter revelado a verdadeira identidade de Jesus Cristo (num romance) – e ficasse convencido de que poderia sair dali uma banal e simplória entrevista a sério. Houve mesmo, ao que tudo indica, quem se sentasse diante do televisor naquela noite e, pasme-se, entre um simples dirigente de um partido político e um escritor que entusiasmou milhões em todo o mundo com o erotismo de uma sopa feita com leite da mama de uma sueca loira e curvilínea, e achasse que o segundo ia simploriamente fazer perguntas básicas de “interesse público”, ou interpelar um convidado somente acerca do acessório “futuro do país”. Como assim?

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Os Índios da Meia Praia

Foto: Festa do Avante

Zeca Afonso ajuda-nos a introduzir neste texto a temática incontornável dos vários processos eleitorais deste ano, e de tudo que faz falta compreender haverá algo desde já a reter: o PCP é a única força política que propõe a transformação da sociedade e a CDU a coligação, que em contexto eleitoral, responde aos anseios da larga maioria da população.

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Já está no ar a Cassete Pirata #8

📼 🏴‍☠️ O oitavo episódio da Cassete Pirata, o podcast do Manifesto74, tem como tema central as eleições nos EUA, a guerra na Ucrânica e a situação internacional e conta com a participação de:

– Álvaro Figueiredo, António Santos, Bruno de Carvalho e Simão Bento.

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Emergência e submissão: “Die Welle” e o apelo da extrema-direita (Parte I)

Embora não possamos apontar, com certeza, quando recomeçou a ascensão dos movimentos de extrema-direita – uns mais orgânicos, sustentados em partidos políticos, e outros menos -, tendo em conta que parece não existir propriamente uma quebra nas suas manifestações desde a II Guerra Mundial e a experiência do nazi-fascismo na Europa até hoje, é inegável que o evoluir da situação social e política em cada país da Europa (e fora dela) trouxe ferramentas e discursos novos a estes movimentos.

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Crónica de uma morte anunciada

A primeira frase do livro do maior escritor que a Humanidade nos deu, e que pedi emprestada para o título deste texto, reza assim: “No dia em que iam matá-lo, Santiago Nassar acordou às 5.30 para esperar o barco em que chegava o bispo”. Gabriel García Márquez desenhou uma trama que nos relata como toda uma aldeia sabia que dois irmãos gémeos, Pedro e Pablo Vicário, matariam aquele jovem de 21 anos, mas ninguém avisou o pobre Santiago.

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