Da falta de vergonha

Nacional

Não me alongarei em considerações sobre a ideia segundo a qual “a nossa lei da greve é uma lei antiquada“. É um disparate. Não me merece grande perda de tempo e latim aquilo que um dos homens mais ricos de Portugal diz sobre a greve. Espantoso seria que se identificasse com a luta daqueles que explora.

Não posso em todo o caso deixar passar a treta do costume sobre a natureza e a participação nas greves realizadas em Portugal. É que quando Soares dos Santos diz que “as greves em Portugal são só no sector público e particularmente no sector dos transportes” esconde que, por exemplo na sua loja de Olhão, a ACT levantou “26 autos por substituição ilegal de trabalhadores em greve“. Todos motoristas da Carris, naturalmente… Esconde também que para prevenir greves tem optado por práticas absurdas como o pagamento de dias a 500% (lembram-se do 1º de Maio de 2012?). Esconde ainda que no Pingo Doce a adesão à greve existe e afecta o funcionamento das lojas, como bem mostra o exemplo de Olhão. Esconde que no sector da distribuição a pressão sobre os trabalhadores para que não lutem, para que aceitem conformados a exploração a que são sujeitos, é desumana.

A falta de vergonha da burguesia nacional não tem limites mas Soares dos Santos abusa.