És um dos nossos

Nacional

Fonte: CNN Portugal

As tarefas no PCP, tal como nos têm vindo a transmitir, não são eternas. São sim passageiras, fruto dos tempos e das circunstâncias individuais e coletivas. A de secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, o Partido Comunista Português, não é diferente. O Jerónimo foi e é um dos milhares de pessoas que dão braços na construção de um mundo melhor e prestou o seu melhor contributo ao Partido, antes e durante a sua tarefa. Certamente continuará a dá-lo daquela forma que só ele sabe: com seriedade, honestidade e competência.

Quando comecei a investigar o que era o comunismo lia Fidel, Lenin, Kollontai e tantos outros teóricos e revolucionários que inspiravam um jovem chocado com a realidade que via dos seus colegas, e das suas famílias, na escola, principalmente no tempo da Troika. Mas era nas intervenções da AR, sobre a realidade concreta, a realidade que só quem está na rua podia saber, que mais me inspirava a dar o meu contributo para aumentar as fileiras da luta. Ele e tantos outros camaradas eram (e são) a voz dos que a única refeição digna que tinham era na escola, dos que tinham de escolher entre o livro de Ciências Naturais e o jantar na mesa durante o resto do mês, dos que não tinham dinheiro para o passe ou que a mãe, solteira, tinha de ter 2 e 3 trabalhos para lhes poder dar uma vida um pouco mais digna.

Ao Jerónimo agradeço por me ter, em certa medida, formado enquanto pessoa, enquanto comunista. Ele é um dos nossos, os que nada têm e que são confrontados com um mundo em que a uns poucos tudo pertence.

Lembro-me como se fosse hoje, era dirigente de uma Associação de Estudantes. Recebíamos na nossa escola, orgulhosamente, o Jerónimo. Ele, que assim como nós também era uma cara da luta, vinha ouvir e discutir os problemas do ensino secundário, das obras, aos exames, passando pelos horários sobrecarregados ou pelo desporto escolar. Fê-lo de igual para igual, sem superioridade de qualquer ordem. Sentíamos todos, sem exceção, comunistas e não comunistas, que aquele homem estava connosco nas nossas justas reivindicações. No fundo, assim como ele, eramos filhos de trabalhadores. Muitos dos que lá estavam cresceram sem tempo para serem meninos.

Não são precisas grandes palavras para expressar a felicidade que todos os portugueses sentem por terem tido um Secretário-Geral do PCP como o Jerónimo de Sousa. Recordaremos com ternura, também esta característica dele, o seu desempenho nesta tarefa, as suas intervenções – principalmente aquelas que não estavam preparadas, mas que ele sentia que quem o ouvia “exigia” – as lições sempre humildes da sua experiência e a inspiração que tinha sempre para dar e vender. A sua simples presença deixava qualquer um desarmado e atento, era impossível ficar indiferente.

Nada disto termina agora. Diria até, só agora começou. Continuamos juntos na luta, assim como no início. Sendo certo o constante movimento da Terra, também a luta exige, de mim, de ti e de nós todos, forças, alegria e vontades redobradas.

Obrigado pelo exemplar desempenho das tuas tarefas e pela inspiração que és para diferentes gerações.  Foste, és e serás a voz de todos os trabalhadores e jovens, do operário ao camponês, do intelectual ao artista, do estudante ao jovem trabalhador. Foste, és e serás sempre um contributo indispensável na nossa luta, a luta mais justa de todas, a da construção de uma sociedade mais justa, do socialismo e do comunismo.

Mais uma vez, és um dos nossos, camarada.

4 Comments

  • Carlos Leal

    8 Novembro, 2022 às

    Avante PCP!

  • Maria luisa Amaral

    7 Novembro, 2022 às

    Gostei, é bem verdade. Obrigada

  • Maria Clara Gonçalves

    6 Novembro, 2022 às

    Reconhecimento merecido!

  • Jorge Nunes

    6 Novembro, 2022 às

    Junto o meu apoio ao camarada Jerónimo e pelo enorme trabalho que fez ao longo destes últimos dezoito anos no partido (porque só existe um em Portugal).
    Nestes últimos anos, tentaram demovê-lo e desacreditá-lo. O jornal «Público» ainda não pediu desculpas por uma foto que lançou numa das suas primeiras páginas de mau gosto, insinuando Jerónimo cego. Essa foto tinha como texto o seguinte: «Guerra acentua via dolorosa do Partido Comunista Português».
    Aos senhores do «Público» e a todos os outros que têm aproveitado muito do seu tempo, desde Fevereiro último, para desinformar e distrair, relembro o processo dos irmãos Kononovich. Apesar da sua prisão, o partido comunista ucraniano ainda está vivo. Essa junta militar (quase ao nível de uma junta militar pinochetista ou hitleriana) que nada tem de democrática e libertária bem tentou demover e fazer desaparecer os comunistas no seu país, mas não conseguiu.
    Relembro também aos jornalistas mentirosos e aos seus papagaios domesticados que publicam as suas fotos ao lado de opiniões ou textos ranhosos nas primeiras páginas dos seus jornais que o mesmo partido comunista está a organizar o seu regresso, após o colapso da mesma junta militar. Quando isso acontecer, um grande sapo terão de engolir.
    Por último e como resposta à afirmação alcoólica da chamada jornalista Teresa de Sousa do jornal «Público» que «Eu aceito todas as derrotas que quiser desde que a Ucrânia vença!» Isso está visto que não irá acontecer.
    Para os que desacreditam e desinformam, os comunistas estão vivos e continuam a fazer a história da humanidade.

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