“Exemplar”.

Internacional

O que espanta nos resultados do referendo escocês é a escassa diferença entre “Sim” e “Não”. O que espanta é a extraordinária mobilização em torno da ideia e da ambição de independência, quando durante a campanha eleitoral todos os poderes do mundo – a União Europeia, os Estados Unidos, a NATO, o FMI, a banca, o governo inglês e até a rainha lá do burgo – ingeriram de forma clara no processo. Um processo “exemplar”, nas palavras de Teresa de Sousa, a eminência que opina sobre assuntos internacionais e europeus na rádio pública. De resto ouvi esta manhã na Antena1 que “os mercados respiraram de alívio com o resultado do referendo”. Alívio para os mercados, pesadelo para os povos.

A Escócia não se integrou de livre vontade no “Reino Unido”, esse bizarro anacronismo que permanece como uma lembrança do vergonhoso passado colonial das potências europeias por esse mundo fora. Foi “integrada” à força de aço e chumbo, “aculturada” e submetida a um processo de progressiva dependência face a Londres e ao poder económico e financeiro inglês. Não admira pois que os argumentos do “Não” fossem todos “pragmáticos” e de oportunidade, polvilhados de medo e ameaça. Os princípios e os valores não quiseram nada com a campanha unionista.

O resultado do referendo de ontem foi para muitos uma desilusão, mas na verdade nunca me pareceu possível outro desfecho. A independência fica adiada, por hora. Sublinho: adiada.