José Augusto Oliveira, 45 anos, suicidado.

Nacional

Fazendo fé nas notícias José Augusto Oliveira, de 45 anos, sobrevivia há cerca de três meses à porta da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, município que o CDS conquistou (com maioria absoluta) ao PSD nas eleições autarquicas de 2013.

José Augusto Oliveira tinha diabetes tipo I e era cego como consequência da doença. Incapaz de trabalhar foi-lhe atribuído um subsídio de pouco mais de 300 euros mensais, uma fortuna.

Sobre a sua situação escreveu a carta que passo a transcrever:

“Eu, José Augusto dos Santos Oliveira, nº do BI 09353884, contribuinte nº 176615024 e nº de telemóvel 919420722, eu numa situação de divórcio e tenho três filhos com 13 anos, 19 e 22 anos e já tentei fazer vários suicídios até para ao hospital.

“Eu, informo mais que estou numa situação muito crítica. Era motorista de pesados com reboques a onde, me apareceram os diabetes tipo 1. Com o passar do tempo perdi a visão e retiraram-me as cartas de pesados onde eu fique sem trabalho para condução ou qualquer tipo de trabalho, tenho uma pensão de invalidez que são 303.23€ mensal de momento estava num quarto que pertencia à minha mãe, pois ela precisou do quarto onde eu dormia e eu tive de sair que ela expulsou-me de casa.

Estou na rua a partir do dia 14 de Outubro de 2013, e não tenho para onde ir. Já falei com algumas assistentes sociais e não quiseram saber do caso.

Precisava da vossa ajuda urgente encontro-me a pernoitar em frente à Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha.

Precisava da vossa ajuda para publicar e para chamar atenção, alguém responsável e para me ajudar a sair desta situação onde eu necessito de medicações e cuidados, como dependente de insulina e medicação de psiquiatria.

Agradecia que me desse uma resposta sua, obrigado.

Com os melhores cumprimentos,
José Augusto dos Santos Oliveira
Viela dos Moinhos nº4 Fial de Cima
3850-364 Alquerubim”

Depois de mais de dois meses à chuva e ao frio, implorando por ajuda e uma casa onde viver, José Augusto Oliveira enforcou-se à porta da autarquia. Uma tragédia pessoal que se soma às muitas tragédias que se multiplicam num cenário de destruição económica e social largamente proveitosa para a minoria que impera.

O que mais me espanta, o que mais me deixa perplexo, é a paciência da maioria de nós perante o crime em curso. Este homem não se matou, foi assassinado pela falta de esperança. Um dia os responsáveis por esta verdadeira matança em massa pagarão pelos seus crimes. Que nessa altura ninguém venha lamentar o seu destino, que ninguém venha chorar o destino que relativamente aos explorados ignorou durante anos e anos e anos e anos.