Marx chegou a Lisboa

Nacional

Marx chegou a Lisboa. Passou pelo filtro do spam e através da racha na parede. Entrou pelo buraco de um sapato velho. Esgueirou-se numa corrente de ar, quando se esqueceram da porta do centro de emprego aberta. Veio com os cartazes e os panfletos e os grafitis nas paredes. Trouxe-o sem querer uma mulher, que perdeu o emprego, enquanto pensava que «isto assim não pode ser». Instalou-se num terceiro andar dos subúrbios, a dividir o quarto com um operário qualificado que ganha 600€. Marx voltou, percorreu as ruas de Lisboa, viu a miséria e a decadência humanas. Declarou-lhes guerra sem quartel.

E na verdade, Marx não queria estar aqui. Era a Londres que ele queria voltar, onde viveu tantos anos, naquele apartamento húmido, em que estava sempre alguém doente. Mas isso explica-vos ele melhor. Mas não, Marx não voltou só para nos dizer o que pensa sobre o que se está a passar. Veio movido por profundíssimos sentimentos de amor e com lágrimas grossas a lastrar-lhe os olhos de um brilho que é sempre igual, hoje ou há 150 anos.

Estão a ver… é que Marx precisa urgentemente de vos contar da Laura, do Moosh, da Eleanor, do Pieper do Bakunin… E da Jenny, o seu grande, grande amor. É que as duas coisas, no fundo, no fundo são uma e uma só: o amor e o comunismo. E Marx é igualmente entendido nas duas.

Por isso venham vê-lo à Barraca, às quintas, sextas, sábados e domingos a começar dia 12 de Junho e até dia 29, numa peça de teatro construída apenas com os materiais autênticos da ternura e dedicação.