Memória (duas notas)

Internacional

Um dos sinais de que o tempo meu, aquele que dedico às coisas minhas, anda reduzido a quase nada é a acumulação de “Avantes” que vou conseguindo numa das divisórias da mochila. Todas as quintas-feiras compro o meu exemplar mas nem todas as semanas o leio.

Ontem à noite consegui por fim folhear o último Avante! e nele descobri, entre outros textos que já percebi que me interessam bastante, um artigo na secção “Temas” assinado pela Anabela Fino, intitulado “Lembrar Auschwitz para preservar a memória”. É para mim um orgulho que o jornal do meu Partido (Partido, com P grande e digno) continue a contribuir activamente para a memória do que foi o nazi-fascismo, sobretudo num tempo em que a extrema-direita mete novamente as garras de fora, um pouco por toda a Europa.

O link para o texto da Anabela fica aqui. Leiam-no, é a sugestão que vos deixo. Merece bem a pena.

No que depender de mim é tema que não morre, memória que não se extingue. Preservo-a e perpetúo-a através da transmissão aos meus filhos e a todos aqueles com quem converso sobre os temas do mundo.

Outro assunto ligado à memória da luta dos povos diz respeito ao aniversário que a passos largos se aproxima: o centenário da Revolução de Outubro de 1917, a “Revolução das Revoluções”.

O centenário de “Outubro” celebrará os “dez dias que abalaram o mundo” mas igualmente os 74 anos de poder soviético, naquilo que tiveram de melhor e pior, nas suas conquistas e fracassos, avanços e recúos.

Será um momento de combate ideológico terrível, por várias razões:

– Porque o ponto de partida da reflexão sobre Outubro e a história da URSS está absolutamente inquinado por décadas de propaganda e mentiras, mistificações e falsidades que descredibilizam perante os olhos de uma maioria desconhecedora da realidade do socialismo toda e qualquer abordagem racional e factual dos méritos e deméritos da experiência soviética;

– Porque o debate se travará entre partes que dispõem de meios absolutamente desproporcionais: serão “espadas de cartão contra bombas atómicas”, “pedras contra canhões”;

– Porque a ofensiva actual, embora não desligada do combate ideológico em torno de Outubro, nos deixará pouco espaço, tempo e disponibilidade para o debate e o choque de opiniões sobre 1917 e os anos que se seguiram, até à consumação da traição de 1991.

Não sei como nos organizaremos, como nos vamos preparar, que reforço de formação, debate e discussão no nosso seio é preciso promover, mas 2017 é amanhã. E vai ser duro. Tão duro como todas as lutas que, até lá, travaremos de forma abnegada e tão forte quanto nos for possível.

Urra.