O delírio “europeu”

Internacional

O parlamento europeu discutiu recentemente uma resolução sobre medidas a adoptar pela “Europa” (leia-se, pela União Europeia) contra alegada propaganda russa contra “os valores europeus” e “a democracia liberal”. Num debate feito à sombra do progressivo colapso “da Europa”, uma boa parte dos eurodeputados optaram por justificar a desconstrução em curso da União Europeia com um dedo apontado aos inimigos externos, com a Rússia em primeiro plano.

Nos Estados Unidos o discurso é semelhante, com uma parte dos “liberals” do Partido Democrata a acusar a Rússia de ter procurado influenciar e manipular os resultados das eleições que, através de um pervertido e obsoleto sistema eleitoral, colocaram Donald Trump, o segundo candidato mais votado, na presidência federal. Nenhuma prova concreta, para lá dos soundbytes mediáticos, foi até ao momento apresentada relativamente às acusações formuladas.

Os burocratas europeus vêem-se apertados pela evidência do rotundo fracasso do seu projecto. A opção, neste cenário, é aquela que foi anteriormente utilizada por mega-estruturas políticas em colapso: encenar um conflito que possa unir a “Europa” contra um inimigo comum, repetidamente apresentando como ameaçador, desprovido de valores (o narrativa mediática em torno das operações russas na Síria tem servido esse propósito), aliado de forças internas repugnantes e, claro está, pronto a invadir-nos. Trata-se, naturalmente, da reciclagem de uma estratégia antiga, perigosa e insultuosa para a inteligência da
maior parte dos cidadãos dos países actualmente membros da União Europeia, que não sente de facto qualquer tipo de ameaça vinda do Leste.

O delírio “europeu” está aí, ele sim ameaçador e provocatório.