A Direcção-Geral de Saúde (DGS) pede aos lisboetas para que não coloquem o lixo nas ruas para que não se agravem as consequências da greve dos trabalhadores da autarquia. E por que não exige antes à Câmara Municipal de Lisboa que negoceie com os grevistas para que a situação regresse à normalidade? Faz recordar um jornalista chico-esperto que escreveu uma notícia sobre ambiente no Público e que responsabilizava as greves gerais pelo aumento substancial de poluição nas vias de acesso às grandes cidades. Já é rebuscado arrancar tal afirmação para inventar uma prosa contra a luta dos trabalhadores mas menos rebuscado seria se percebesse que quem vai trabalhar em dia de greve não é senão fura-greve.
A DGS justifica o seu apelo com a salubridade da via pública mas em momento algum se preocupa com as consequências da privatização da recolha de lixo em Lisboa para a vida dos trabalhadores e dos que vivem na cidade. Meia dúzia de notícias sobre o que se passa em diferentes lugares do mundo pode facilmente ilustrar a grave situação em que ficaram depois da concessão da recolha e tratamento de lixo a privados. No mundo ao contrário tudo é possível para pôr quem luta na linha de fogo. Afinal, há algo mais contorcionista do que o governante ou o patrão que só se lembra do direito ao trabalho quando os trabalhadores fazem greve?