Escreve o Expresso que os “sábios” que o governo convidou para estudarem questões ligadas à segurança social e a eventuais reformulações no sistema de pensões estão “furiosos”. A razão da fúria parece ser sentirem-se utilizados pelo governo que nunca os ouviu verdadeiramente, e que agora anuncia – pela voz do primeiro-ministro – que uma solução que desconhecem está já desenhada para destruir um pouco mais (ou então totalmente, não se sabe bem…) a segurança social pública, solidária e universal.
Pessoalmente não compreendo bem a fúria dos “sábios”. É que desde meados de 2011 este governo não tem feito outra coisa que não seja constituir equipas de “sábios”, especialistas e outros figurões para debater “soluções” relativas a problemas para os quais, no essencial, já tem resposta. Os grupos de trabalho, de estudo, os painéis de “sábios” e especialistas, limitam-se a legitimar decisões que já estão tomadas, e que emanam de outros “grupos de trabalho”. Trata-se de uma estratégia de propaganda, pura e dura.
Segundo DN (notícia de 3 de Março de 2014) “no início do fevereiro, estavam em funções 108 grupos de
trabalho e comissões dos 208 a que o Executivo de Passos Coelho já recorreu
desde o início de funções. Dos 100 que teriam terminado funções – segundo as
datas previstas no Diário da República – o DN não encontrou o rasto de 58
relatórios ou conclusões”. E é isto, pronto. São grupos de trabalho fantasma, ou cujo trabalho (quando efectivo) nada influencia.
Os “sábios” foram quanto muito uns anjinhos. Até porque aquilo que este governo decidirá no que a Segurança Social diz respeito decide-se com base noutros pareceres, noutras influências e sabedorias. Só não vê quem não quer.