O PCP tem feito uma série de audições públicas que visam recolher depoimentos, propostas e ideias que possam enriquecer o programa eleitoral a apresentar às eleições legislativas. No dia 18 de Maio, foi a vez da Cultura, num debate bastante participado e intitulado “Democratizar a Cultura, Valorizar os seus Trabalhadores”.
Transportes coletivos: O público é de todos, o privado é só de alguns*
A poucos meses das eleições legislativas, o Governo acentua o ataque ao direito dos portugueses à mobilidade e abdica da defesa de um instrumento fundamental para a economia do País. Com a aprovação do novo Regime Jurídico do Serviço Público de Transporte de Passageiros, o Executivo liderado por Passos Coelho e Paulo Portas entrega a concessão dos transportes públicos a empresas privadas e responsabiliza as autarquias pelo seu financiamento.
O velho exame da velha escola
A criança tem 9 anos e vai de rosto fechado pela rua fora, como todos os dias. Mas hoje, ao contrário do que é habitual, não me disse bom dia. A princípio, não percebi muito bem porquê. Os pequenos também têm as suas “consumições”, dizia a minha avó, foi o que pensei. Depois despertei. É dia de exame. A criança está absorvida por preocupações. Dia de martírio. De ser encostada à parede. Dia em que, pela primeira vez, aquela criança será sujeita à solenidade terrível de uma espécie de julgamento precoce em que todo o ambiente, todo o contexto à sua volta não propicia senão o nervosismo, a ansiedade, o medo e a insegurança. Os exames finais não são pedagogia em parte nenhuma do mundo. São apenas tormento.
Esta polícia que bate
Agora que passou na televisão, repetidamente, foi partilhado em todas as redes sociais e envolve crianças, talvez possamos falar de violência policial.
As imagens que ontem geraram indignação geral são, infelizmente, a repetição do comportamento policial em muitos bairros, em manifestações, em piquetes de greve e, ficámos a saber, em festejos de campeonato no Marquês.
Fuzilados pela madrugada, a pena de morte nos EUA*
Num pedaço de papel amarrotado, Joe Hill escreve à pressa o último poema «O meu testamento é fácil de decidir / porque não há nada a dividir. / O meu povo não precisa de choro nem lamento / que o musgo não cresce numa pedra em movimento». Os primeiros raios de uma luz implacável já iluminam a cela quando vieram buscar o sindicalista. Aos guardas prisionais do Utah cabe encenar o tétrico protocolo: «Joe Hill, operário, 36 anos, conhecido revolucionista e agitador», lê o polícia, «o Estado do Utah condena-o a morrer por fuzilamento. Deseja pedir uma última refeição?». Haverá mais burilado requinte de crueldade que convidar alguém a escolher a última refeição?
Rompe este ciclo!

Ser arquitecta no país da austeridade, por Joana Pereira
É bom projectar a cidade, projectar o habitar, projectar cada espaço que serve o ser humano… para mim e para nós é uma função primordial, pois é presença constante em tudo no nosso quotidiano e que gera não só relações lógicas de vivência dos espaços, como também cria o património do amanhã.
É bom projectar, ser criativo e ter ideias para ajudar a solucionar problemas, as pessoas dizem; “oh arquitecto, como é que eu nunca me tinha lembrado disso antes?”, “oh arquitecto, era mesmo isto que eu queria”, “oh arquitecto precisava disto”, “oh arquitecto o que acha daquilo”. E é bom quando isso acontece, significa que de uma forma ou de outra o reconhecimento do nosso trabalho vai ganhando terreno. Mas infelizmente nem sempre isso acontece… e é então que me pergunto, porque continuamos nós sem uma tabela de honorários fixa e actualizada que possa defender estes arquitectos, que já vulneráveis às desculpas de uma suposta crise, não têm algo que os unifique e proteja… Desta forma, e desculpem a expressão, irão continuar a deitar-se muitas calças abaixo para que se consiga algum trabalho que coloque pão na mesa…
Alguém devia explicar ao Vhils que a pintura mural não precisa de autorização
Já sei que não serei muito popular nesta minha opinião, mas quem anda aqui há muito tempo nestas coisas da pintura mural às vezes irrita-se.
É verdade. A pintura mural não é só o graffiti ou o tag. É, essencialmente, no panorama das paredes portuguesas, uma tomada de posição. Social, política, artística, o que quiserem. E nasce como tradição política. Ao povo era imposta a mudez, escrevia-se o pensamento nas paredes das cidades, vilas e aldeias.