Por estes dias temos lido uma curiosa, impressionante – mas não pouco adivinhável – sintonia a respeito da situação social e política na Venezuela. Confesso que cheguei a confundir textos do Expresso ou do Observador com os que ultimamente têm aparecido no portal Esquerda.net. A determinada altura, já não sabia se estava a ler Henrique Raposo ou Duarte Marques no Esquerda.net, se estava a ler Mariana Mortágua ou Luís Leiria no Expresso ou no Observador. Só não confundi os últimos artigos do portal do Bloco com os publicados por articulistas de “Povo Livre” ou de “O Diabo”, porque é muito pouco provável que tenha lido ultimamente o que quer que seja destes últimos, nem de passagem ou por distracção. Que o Esquerda.net se tenha tornado, por exemplo, num multifacetado arraial de arrependidos, às piruetas em assuntos internacionais e com vergonha de escrever Syriza ou Tspiras, até se admite. Que chegue ao ponto de se confundir com o argumentário mais rançoso e anti-democrático da direita mais mesquinha e reaccionária, até para o Bloco já me parece um exagero.
O medo não passará
O nazi Mário Machado, acabado de sair da prisão por discriminação racial, coacção agravada, danos e ofensa à integridade física qualificada, difamação, ameaça e coacção a uma procuradora da República e posse ilegal de arma de fogo, acaba de acusar um dos activistas da Cova da Moura de ser criminoso. A organização fascista Nova Ordem Social com membros acusados de tráfico de droga e participação em homicídios como o do Alcindo Monteiro publicou fotografias de Jakilson Pereira e pormenores da sua vida pessoal expondo-o como eventual alvo da violência da extrema-direita e da polícia. O seu trabalho na Cova da Moura no Moinho da Juventude, a sua actividade enquanto activista anti-racista, o seu papel como rapper no combate à exclusão e a sua militância comunista não são crime. Criminosos são aqueles que querem impor em Portugal um regime que foi derrotado pelos povos através da revolução de Abril e das lutas de libertação nacional nas ex-colónias.
A Estrela Hugo Soares
A mais reluzente e vibrante estrela do universo laranjinha – agora imaginemos o que não nos reservariam as “cadentes”… – entrou de forma triunfal na sua nova tarefa de líder da bancada parlamentar. Naquilo que mais pareceu birra de afirmação pessoal, ou quiçá apenas tentativa infantilóide de captar atenções, logo que foi eleito, Hugo Soares começou por destratar, pública e grosseiramente, o presidente da Assembleia da República. Sem mais nem porquê, a trote de argumentos pífios, acusou Ferro Rodrigues de desrespeitar o órgão a que preside.
«O nosso sonho sempre foi a paz» Entrevista a Exequiel Loaisa, membro das FARC-EP e preso político pelo governo colombiano
O Manifesto74 conversou com Exequiel Loaisa, preso político das FARC-EP, acabado de sair de uma greve de fome para exigir ao governo colombiano o cumprimentos dos acordos de paz.
Medina e o amarelo da Carris
Carta Aberta ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. Fernando Medina.
Sem justiça não há paz
“Simply because we were licked a hundred years before we started is no reason for us not to try to win.” [Simplesmente porque fomos derrotados cem anos antes de começar não é motivo para não tentar vencer.]A citação é óbvia. Atticus Finch é a razão pela qual muitos americanos proclamam a opção pela advocacia. Compreensivelmente, diria. Os crimes raciais são mais do que muitos e há uma altura que a impotência perante os vários sistemas inflige a necessidade de agir dentro desses sistemas. O assunto da semana levou-me a pensar cuidadosamente se deveria escrever algumas palavras sobre ele. Naturalmente, sobre a decisão, nada direi, aguardando cuidadosamente o rumo que tomará em tribunal. Em todo o caso, sendo esta a minha casa, não posso deixar de escrever algumas coisas que desde o início do processo me incomodaram e só agora emergiram.
As costas da democracia
Os últimos dias foram bastante profícuos em casos de imbecilidade extrema. Médicos que acham a homossexualidade uma doença, psicólogos que acham que a erva deixas as pessoas homossexuais e uma advogado que é só o espelho dos partidos que representa, PSD e CDS, despejando ódio e preconceito sobre ciganos e negros. O direito de gente como esta encher páginas nos media dominantes não pode ser encarado como uma coisa normal, apenas sujeita a critérios editoriais. A democracia burguesa abre caminho a estas posturas, ao palco para medíocres, ao afunilar opiniões, procurando uma aceitação fácil que possa render alguma exposição a um título chamativo nas redes sociais.
A questão não é o racismo?
«Segundas e terceiras gerações que não passam de parasitas da sociedade» Susana Garcia, na TVI.