A Guerra da Câncio

Internacional / Nacional

A Câncio despreza 3045 mortos civis, a Câncio diz que esses mortos civis são de ambos os lados mas não tem absolutamente nada que sustente essa afirmação. Apesar de não sustentar a sua afirmação, enche a boca para acusar o PCP de mentiras e omissões. Para a Câncio as 91 crianças sepultadas no beco dos anjos em Donetsk terão morrido de causas naturais e não assassinadas pela Ucrânia, provavelmente acha que a culpa é dos pais, tios, avós, vizinhos e restante população não soube ficar quietinha e aceitar de bom grado o golpe de 2014 e as suas consequências políticas.

Os irresponsáveis! A Câncio não sabe que 140 crianças de Donbass morreram ao pisar em minas. A Câncio não sabe que as minas antipessoais são proibidas, a Câncio trata-as como se não fossem armas porque praticamente afirma que as vítimas destas armas não devem ser contabilizadas no ano em que foram feitas porque teriam sido plantadas anteriormente, a Câncio parece achar que os mortos não civis não são mortos, nem revelam nenhum conflito. A Câncio esquece-se (ou escolhe esquecer) a violação permanente por parte da Ucrânia dos acordos de Minsk e resolve dizer, como se fosse uma grande revelação, que Putin reconheceu a ajuda às repúblicas, e coloca as repúblicas entre aspas, não sabe a Câncio que as referidas repúblicas autoproclamaram-se em 2014? Não sabe a Câncio que o que Putin fez foi reconhecer estas repúblicas como estados independentes? A Câncio, provavelmente, não se incomoda minimamente com o reconhecimento do Kosovo e nunca o colocará entre aspas.

A Câncio é tão ardilosa que diz que o PCP falou em intensificação dos bombardeamentos em 2022 e que isso é mentira porque em “janeiro a situação na zona de conflito da Ucrânia oriental manteve-se relativamente calma” e não diz uma palavra sobre as semanas de fevereiro até ao dia 24, a Câncio não aceita, por exemplo, informações sobre o bombardeamento de duas escolas em Donbass a 17 de fevereiro. A Câncio revela imbecilidade porque acha relevante referir que o PCP chama à queda do governo de Yanukovych de golpe. Acaso a Câncio achará que existe outra expressão correcta para definir o que se passou? Não saberá que até para descrever os acontecimentos do 25 de Abril o PCP refere a existência de um golpe militar? Indigna-se ainda a Câncio com o uso do verbo estimar pelo PCP para referir o número de mortos em Donbass, acha que os números são claros e óbvios porque a ONU os refere em relatórios.

Com tantas certezas a Câncio esquece-se que há outras fontes e que até os números dados pela Ucrânia diferem desses. A Câncio resolve falar do ano de 2014 saltando logo para o mês de março sem se deter nos acontecimentos anteriores a essa data, a Câncio não fala dos snipers a soldo na praça Maidan, nem da intervenção norteamericana nesses acontecimentos, nem das caravanas nacionalistas ucranianas. A Câncio fala da Crimeia e cita uma votação da Assembleia das Nações Unidas declarando o referendo para retorno do território à Rússia ilegal.

A Câncio procura assim confundir a regularidade e seriedade do referendo com uma votação política. A Câncio não refere sequer se a população da Crimeia queria ou não fazer parte de uma Ucrânia russófoba, não convêm ao seu discurso. A Câncio que se indignou com a palavra “estima-se” e “golpe” chama de “ações” à guerra levada a cabo pela NATO na Líbia, no Afeganistão e na Jugoslávia. E para a Câncio toda a informação que não seja veiculada pelos meios da comunicação social da oligarquia europeia e norteamericana, ou que com ela faça coro, é propaganda russa.

A Câncio não pisca sequer se lhe for dito que os meios que toma como informação de referência desdizem o que disseram 3 dias antes, não sustentam afirmações, escondem e censuram. A Câncio convive e satisfaz-se tanto com a ausência de crítica à comunicação corporativa que até diz que não é necessária uma investigação independente ao sucedido em Bucha porque, atentem, o New York Times já o fez (ainda que existam muitos indícios acerca da manipulação da imagem de satélite que este jornal usou para suster a sua convicção que o ataque foi realizado pela Rússia).

A Câncio alinha com o paternalismo de considerar as pessoas incapazes de escolher as fontes de informação que consideram relevantes.

A Câncio diz que o PCP mente mas não refere uma única mentira, ou seja, a Câncio reflete em si mesma a afirmação que faz. Não é o PCP que justifica a invasão da Ucrânia pela Rússia, não é o PCP que está a favor da guerra, são as Câncios deste mundo que definiram o amigo e o inimigo, são as Câncios deste mundo que querem a guerra e estão dispostas a distorcer factos, a omitir acontecimentos, a acarinhar o nazismo, a sustentar os crimes mais tenebrosos em nome da defesa do status quo que dizem ser os valores da civilização, a justificar mais armas e mais morte.

As Câncios deleitam-se no seu vómito de petulância, ressabiamento e bestialidade. As Câncios deste mundo são absolutamente incapazes de compreender o que é ser-se intransigentemente a favor da paz, não percebem que para defender os povos não se pode sustentar a existência de predadores da humanidade.

* Autora Convidada
sob o pseudónimo de Maria Neto

2 Comments

  • Jorge Nunes

    19 Abril, 2022 às

    Tenho mais uma confissão a fazer sobre este aborto jornalístico chamado «Câncio».

    Estes abortos são perigosos, porque muitas vezes põem vidas em risco.

    Há momentos, ouvi um dos últimos videos lançados pelo jornalista chileno e americano, Gonzalo Lira. Este homem foi um grande correspondente na cidade de Kharkov até ao seu desaparecimento, no passado dia 15 de Abril.

    Ao que consta, o seu desaparecimento envolve a escumalha jornalística que a tal «Câncio» faz parte. Só por não gostarem do que o homem dizia, pensaram em contatar o regime de Zelensky e dar ordem aos seus «gorilas» do SBU ou nazis para tratarem do assunto. Ou seja, basta chamar ou enviar uma mensagem e ter amigos nazis no poder, para denunciar, perseguir e fazer desaparecer.

    É gente que não presta mesmo.

  • Jorge Nunes

    14 Abril, 2022 às

    A Câncio está na mesma mensagem de ódio divulgada pela atriz ucraniana Andrianna Kurylets.

    Para além de mercenária, a Câncio é uma demagoga, corrupta e cínica. Não se sabe quanta gente desse público que a lê se tornou vil à custa da sua verborreia estúpida e imbecil.

    A Câncio faz parte de uma comunicação social doentia e desprezível.

    Por isso, a Câncio não merece a nossa atenção. Merece, sim, o nosso desprezo.

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