“A primeira semana é a que mais custa”. A promessa é de Olinda Gonçalves, preparadora, embaladora, lutadora, “por isso é que até já disse aos colegas: quando houver outros trabalhadores como nós, eu quero estar lá com eles na primeira semana”. Esta é a história de como 130 trabalhadores dos bares dos comboios venceram ministros e patrões, salvaram os postos de trabalho e se fizeram heróis das suas próprias vidas.
54 dias, 54 noites. Sem salário nem emprego, abandonados pelo governo. Acampados à chuva e ao sol, ao frio e de noite, dia após dia, sob o açoite do vento. “É duro”, explica Olinda, “casais com filhos pequenos a chorar porque não tinham nada para lhes dar de comer. Eu chorei muito. Lá [no acampamento] não chorava, para não dar parte fraca. Mas olha, isto podes escrever aí em letras grandes: EU NUNCA PENSEI EM DESISTIR”.