Autor: António Santos

Senão o quê?

Não está tempo para sermos ingénuos: o governo grego traiu o seu povo e mostrou cabalmente que os únicos referendos vinculativos que o Syriza reconhece votam-se nas reuniões do Eurogrupo.

Pouco interessa quais eram as intenções de Tsipras ou dos seus seguidores. Não se trata de escamotear as pressões, ingerências e chantagens de que foi alvo o governo e o povo helénicos, mas de enfrentar a realidade como ela é: este governo assumiu promessas que não cumpriu, convocou um referendo que não respeitou e acaba de assinar o maior retrocesso social das últimas décadas.

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O Bloco de Esquerda mente: o KKE não apelou à abstenção

Numa notícia publicada no Esquerda.net, o Bloco de Esquerda acusa o Partido Comunista Grego de apelar à abstenção no referendo convocado para dia 5 no país helénico.

Trata-se de uma mentira ignóbil que não nasce de qualquer problema de tradução mas de uma contradição política inultrapassável: o que o Bloco de Esquerda defende para a Grécia é o compromisso com aquilo que diz combater em Portugal – a austeridade.

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Não, a corrida não é entre Passos e Costa

Pára tudo! Há um anúncio na SIC a repetir, ad nauseam, que dentro de semanas, vamos ter eleições para «escolher o próximo primeiro-ministro», acrescentando, depois, que «a escolha é entre António Costa e Pedro Passos Coelho». Eis pois, a perquirição que se impõe aos dignos chefes da estação de Carnaxide: está tudo maluco? É que não só não há eleições «para primeiro-ministro» como, salvo erro, PSD/CDS e PS não são as únicas opções.

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Desemprego hipnótico

Agora vais esquecer-te da realidade e deixar-te embalar pela minha voz. A cada palavra e a cada número, vais sentir-te descer, cada vez mais relaxado e sonolento até chegares a uma versão de Portugal em que o desemprego está a baixar. Agora vou contar de um a cinco. Quando chegar ao número cinco, vais entrar na realidade virtual do governo PSD-CDS-PP.

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Resposta às perguntas do Canal de História

«Será isto uma prova da existência de uma raça pré-histórica de gigantes?» corte para animação em 3d «E terão esses gigantes construído… as pirâmides do Egipto?!» imagens de arquivo de pirâmide sob efeitos de pós-produção de filme barato de terror «E será que os lendários gigantes não eram seres humanos deformados, mas extra-terrestres vindos do espaço?» sequência rápida de fotografias de obras de arte antiga, de várias civilizações…

Tantas perguntas, tão poucas respostas, diria Brecht. Acabo de assistir a isto no National Geographic Channel. Podia ser só má televisão, mas é muito mais do isso, é a liberdade de fazer as mais absurdas e perigosas perguntas, a despeito de milhares de anos de respostas dadas, pensadas e trabalhadas, intoxicando as futuras gerações com fumos digitais da formidável nova idade das trevas.

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Muita força para pouco dinheiro?

Sente-se cansado, triste, isolado e fraco? Então é possível que sofra do síndroma PS-PSD, uma doença crónica que causa fadiga extrema, mais horas de trabalho, menos horas de lazer e violentas reduções salariais.

Se sente algum destes sintomas, é possível que viva cada vez pior e sofra alucinações em que o governo lhe diz que tudo está melhor. Outros sintomas comuns incluem perdões fiscais à banca, benesses para os grandes grupos económicos e sensações de impotência política.

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Fuzilados pela madrugada, a pena de morte nos EUA*

Num pedaço de papel amarrotado, Joe Hill escreve à pressa o último poema «O meu testamento é fácil de decidir / porque não há nada a dividir. / O meu povo não precisa de choro nem lamento / que o musgo não cresce numa pedra em movimento». Os primeiros raios de uma luz implacável já iluminam a cela quando vieram buscar o sindicalista. Aos guardas prisionais do Utah cabe encenar o tétrico protocolo: «Joe Hill, operário, 36 anos, conhecido revolucionista e agitador», lê o polícia, «o Estado do Utah condena-o a morrer por fuzilamento. Deseja pedir uma última refeição?». Haverá mais burilado requinte de crueldade que convidar alguém a escolher a última refeição?

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Todos ao Primeiro de Maio

Se vives do teu próprio trabalho, se acreditas que é possível um mundo mais justo, se tens coluna vertebral e a tua dignidade não está à venda, se és capaz de distinguir a justiça da injustiça, se não nasceste milionário mas também não nasceste para ser escravo, se sabes porque é que os ricos estão cada vez mais ricos… este é o teu dia. Vem celebrá-lo. Vemo-nos nas ruas.