A entrevista de Álvaro Covões ao Jornal de Letras de 22 de Janeiro revela a estratégia dos grupos económicos que o Governo teima em esconder. É importante compreender o que as grandes empresas da organização de eventos pretendem da Arte e da Cultura e em que medida se incompatibiliza com um Serviço Público de Arte e Cultura como o que a Constituição da República Portuguesa estabelece. No título deste artigo, sobrevalorizei o trocadilho em detrimento da justeza e da realidade, pois todos sabemos que o desnorte e a incompetência são apenas a camuflagem com que o Governo esconde o seu programa político de total mercantilização da Cultura que já está em curso desde há muito, quer pelas mãos de PS, quer pelas mãos de PSD e CDS. Ler mais
Autor: Miguel Tiago
Bolseiros e o interesse nacional
O investimento público em Ciência e Tecnologia em Portugal conheceu um máximo durante o ano de 2009, apesar de nunca ter atingido o valor da propaganda do Governo de Sócrates e do Ministério de Mariano Gago que ostentava bandeiras de 1% do PIB em cada discurso. Essa mentira foi difundida com estonteante intensidade, não tendo contudo em momento algum a despesa pública em I&D ter ultrapassado 0,72% do PIB. Mesmo que tenhamos em conta a execução orçamental das Instituições Privadas sem Fins Lucrativos e assumamos que toda a sua despesa é financiada pelo Estado (e não é), juntamos 0,14% do PIB para o mesmo ano de 2009 e chegamos a um valor de Despesa pública 0,86%. Ler mais
Quem dá mais?!
Até hoje, o BPN, já consumiu mais de 4 mil milhões de euros do trabalho dos portugueses. Esse mesmo BPN foi vendido pelo Estado português por 45 milhões de euros, cerca de um 1% do valor que o Estado aplicou para cobrir os “activos tóxicos” dos criminosos do PSD que roubavam os portugueses nas barbas do Banco de Portugal presidido pelo PS. A dimensão dos crimes cometidos pelos administradores do BPN, bem como a cumplicidade dos accionistas da Sociedade Lusa de Negócios jamais será conhecida num país em que os dois partidos envolvidos dominam o Estado em nome dos grandes grupos económicos que dominam as nossas vidas e a nossa economia. Ler mais
A normalização da pobreza
No outro dia fui a um supermercado e quando estava na fila para pagar, vi que atrás de mim estava um rapaz que trabalha numa oficina onde costumo ir. Reparei que trazia com ele a filha. Pensei: “o rapaz que costumo ver manchado de óleo tem, pelo menos, uma filha e pode ter mais. Evidentemente ele come, tal como os seus filhos, a sua mulher, se existir e, por isso faz compras.” e continuei…”ele não deve ganhar muito na oficina, provavelmente salário mínimo… como pode alimentar a família com um salário mínimo? ou talvez dois se a mulher estiver empregada…” e fiquei a olhar, confesso.
A resposta foi fulgurante quando o rapaz encheu o tabuleiro rolante com pacotes de arroz e latas de atum. Arroz. Atum enlatado. Nada mais.
Há uns anos atrás, antes da nova vaga da crise sistémica do capitalismo, as dificuldades existiam, sem dúvida. O capitalismo nunca teve como objectivo o desenvolvimento humano, mas em alguns momentos, esse desenvolvimento foi um sub-produto do capitalismo. Não pode, no entanto, tal desenvolvimento continuar, pelo simples facto de que o capitalismo aproxima-se aceleradamente dos seus limites materiais e, esperemos, dos seus limites históricos.
Que a um idoso fosse roubada uma parte de uma reforma.
Que a um trabalhador fossem roubados dois salários.
Que aos jovens fosse negado o direito a estudar e a aprender.
Que aos portugueses fosse negado o direito à Cultura.
Que gente morresse às portas dos hospitais porque não tem dinheiro.
Que as crianças tenham fome, cada vez mais fome e cada vez mais crianças com fome.
Que as filas do desemprego se encham de novos e velhos, de cabeça baixa ante a tristeza da inutilidade a que os “mercados” os votaram.
Que famílias inteiras vivam da mendicância.
Que nos orgulhemos de ser um povo que dá muito ao banco alimentar.
Que as fábricas fechem enquanto ficamos sem trabalho.
Que os jovens partam tristes.
Que os pais chorem a partida dos filhos tristes.
Que ter alimento seja “sorte” e ter “saúde” seja graças a deus.
Que gente que trabalha esteja condenada a comer arroz com atum enlatado, por vezes talvez nem isso.
Com tudo isso nos indignaríamos à explosão. Mas fomos neutralizados, os nossos limites da tolerância perante a miséria foram movidos, gradualmente. Fomos delicadamente treinados a aceitar o que antes jamais poderíamos aceitar. Delicadamente mesmo quando à força, porque fomos confrontados com uma técnica de choque e espanto que nos impõe a miséria como facto consumado, mas crescente. E antes do choque e espanto fomos chamados a escolher os nossos próprios carrascos, entre PS e PSD.
Mesmo os que lutam, mesmo os que se indignam, viram movidos os limites da indignação, porque não são imunes. E a sociedade estará em movimento de progresso quando a nossa indignação for mais sensível e não, como agora, se torne cada vez mais um atributo humano em contracção.
A normalização da indignidade faz dela regra. A normalização da indignidade é o fascismo.
Quanto mais indigna é a vida mais dificilmente nos indignamos.
O mito da “unidade das esquerdas”
Há um mito sobre a “unidade da esquerda” ou sobre a “unidade das esquerdas” que me faz uma certa confusão e que julgo prejudicar o debate e o surgimento de soluções políticas que se configurem como alternativas. De certa forma, posso simplificar as minhas apreensões: Ler mais
De avaliação positiva em avaliação positiva, até à destruição total
O Pacto de Agressão assinado por PS, PSD e CDS e pelo FMi, BCE e UE tem sido um tremendo sucesso. Na verdade, os objectivos com que o Partido Socialista enviou o à troika estrangeira as suas disponibilidades e compromissos em Maio de 2011, estão muito claros no texto desse Memorando. Os objectivos eram desde o início os mesmos: assegurar a constituição de novos monopólios e a protecção dos existentes, por um lado; e o aumento da taxa de exploração do Trabalho pelo Capital, por outro. Ler mais
Que ninguém esteja confortável até que todos sejamos felizes.
Que ganhas a mais e trabalhas a menos. Que o dinheiro dos teus impostos deve ir para os bancos porque são os bancos que sabem percepcionar onde se deve investir, que isto é uma economia de mercado, pensas o quê? Que não podes ter serviços públicos, que isso de saúde, educação, cultura, é luxo para países ricos. Que tens de aceitar. Que quanto mais te ajoelhares menos custa. Que outro caminho é impossível. Ler mais
O regresso da Escola Dual
Com particular intensidade desde a reforma curricular de Manuela Ferreira Leite, Ministra da Educação de Cavaco Silva, realizada em 1993 e aplicada a partir de 1994, a Escola Pública tem vindo a ser alvo de um ataque permanente, orientado para a sua desfiguração. Ler mais