Autor: Ivo Rafael Silva

A Estrela Hugo Soares

A mais reluzente e vibrante estrela do universo laranjinha – agora imaginemos o que não nos reservariam as “cadentes”… – entrou de forma triunfal na sua nova tarefa de líder da bancada parlamentar. Naquilo que mais pareceu birra de afirmação pessoal, ou quiçá apenas tentativa infantilóide de captar atenções, logo que foi eleito, Hugo Soares começou por destratar, pública e grosseiramente, o presidente da Assembleia da República. Sem mais nem porquê, a trote de argumentos pífios, acusou Ferro Rodrigues de desrespeitar o órgão a que preside.

Ler mais

PSD, o partido de sonsos

Fico sempre surpreendido com aqueles que acham que o PSD está a passar “por uma crise”. É preciso uma boa dose de ingenuidade, ou estar-se muito desatento, para se supôr que Pedro Passos Coelho está isolado numa qualquer demanda individual perdida e a lutar para “sobreviver politicamente”. Passos na liderança tem os dias contados desde que o PSD foi derrotado pelas suas próprias políticas, e ele, os militantes e os dirigentes do partido sabem-no melhor do que ninguém. A razão pela qual ainda não se demitiu, ou pela qual se arrasta penosamente contra os ventos e as marés negativas – o tal diabo que nunca chegou… – é algo que está muito para lá do calculismo e do imediatismo interno. Passos Coelho está, muito sonsamente, a cumprir um papel. Tal como Rui Rio.

Ler mais

A pós-verdade da Venezuela

Quando se vive – isto é, quando se forma opinião – sobretudo a partir de artigos do Observador, do Expresso ou do Público – quando não apenas dos títulos – é-se “apanhado” muito facilmente naquilo a que tecnicamente se chama “fazer figura de parvo”. É o que muito tem acontecido a quem, por estes dias, tem levantado especiais brados pelo “caos” na Venezuela e se enche dos sentimentos de “pena” e “piedosa comoção” pelo povo do país. É aquele travozinho burguês, chique, enjoativo, quando não de nojo, que tão bem conhecemos, de gente que “acha mal” que a oligarquia corrupta da Venezuela não possa voltar ao seu glorioso passado de muito “progresso” e “prosperidade”, na sempre eterna “esperança” de um belo dia do horizonte “criar muitos empregos” para aqueles “pobrezinhos descalços”.

Ler mais

Da Amnésia da JSD Lisboa

Comecemos por fazer uma citação: “Quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego, a medida mais sensata que se pode tomar [sobre a subida do Salário Mínimo Nacional] é exactamente a oposta” – Pedro Passos Coelho, 6 de Março de 2013. Sim, esse mesmo Pedro Passos Coelho. O líder do partido que está no canto inferior direito do cartaz que se queixa… dos baixos salários. O governante que, nos últimos anos, mais atacou os salários dos portugueses, mais agravou os impostos sobre os rendimentos do trabalho, mais desprezou a situação social dos jovens do país, que mais os insultou e apoucou convidando-os a emigrar ou a aproveitar as “oportunidades” do desemprego!

Ler mais

Arrume a sua inteligência: o Observador tem um artigo para si

Por que razão nos espanta ainda o Observador? Por que motivo nos abalançamos ainda, cheios de pasmo ou indignação, sobre “conteúdos” que nem sabemos muito bem se na verdade são escritos se vomitados? Lamento, mas não tenho resposta. Sei que me senti hoje particularmente “brindado” com a partilha ostensiva de um artigo que é meio textual e meio fotográfico e cujo título efectivamente promete: «Arrume os livros de História. Há 20 factos históricos que não nos ensinam na escola».

Ler mais

No horizonte de 2017 só a luta

Fim de ano e aparecem os costumeiros balanços nos quais aparece alguém nas televisões e jornais a decidir por nós o que foi “bom” e o que foi “mau” nestes 366 dias. À excepção das tragédias e mortes, que por norma reúnem unanimidade, sempre aparecem os “mais” e os “menos” do ano, os “factos assinaláveis” e as “figuras marcantes”, exercícios subjectivos mas sempre orientados no sentido de transmitir determinada mensagem, de valorizar esta ou aquela ideia, esta ou aquela personalidade. É o produto desse “balanço”, tal como o que entra em todas as casas durante todo o ano, que conta e que marca. Chegará o dia de uma maior equidade e de uma maior justiça. Chegarão tempos de maior liberdade de consciência individual e colectiva. Chegarão tempos de menor formatação e maior dialética. Contudo, é praticamente certo que esses tempos não serão os de 2017. Ler mais

As Vénias da República

Marcelo, uma vez mais, não se conteve. Aliás, Marcelo nunca se contém. O seu conservadorismo, a sua idiossincrasia, o peso da formatação rígida de outros tempos há-de sempre sobrepor-se ao dever institucional. A sua fé, as suas paixões, os seus ídolos, tudo isso legítimo, mas tudo isso muito inapropriado e muito desenquadrado quando se é investido num papel para o qual se teve tempo e mais que tempo para se preparar. Pode considerar-se pura e insignificante minudência o gesto reverencial de Marcelo perante a rainha do Reino Unido e retratado pelas câmaras fotográficas de todo o mundo. Contudo, e especialmente no que diz respeito a Marcelo Rebelo de Sousa, por vezes é bem mais substancial e revelador um gesto, por simples que seja, do que o débito de um chorrilho de palavras a um qualquer microfone ou câmara de televisão.

Ler mais

Tio Zé Gomes Patinhas Ferreira

«Se é pelo agregado, facilmente se atinge os 500 mil euros». Fácil, fácil. Zé Gomes Ferreira pegou na máquina de calcular, fez as continhas, somou os bens da malta lá de casa e chegou facilmente aos 500 mil euros de património. Mas quem nunca? Ou melhor, quem não? Que família portuguesa não chega “facilmente” ao meio milhãozito? Todos. Toda a “classe média”. Com jeitinho, metendo de permeio até valores mobiliários, somando um RSI, uma prestação do abono de família e 5 euros saídos numa raspadinha, até os de “classe baixa” vão levar com imposto. E “facilmente”. Ainda que muitos insistam em denegrir a sua imagem, mais uma vez, Zé Gomes Ferreira aparece a defender os mais fracos.

Ler mais