Autor: Lúcia Gomes

Devolução mas é o ca*?!%&

Desde ontem que se diz que «este não é um orçamento eleitoralista» e ainda assim permitem-se as maiores mentiras sobre o dito.

Em primeiro lugar: o Orçamento é «do» Estado e não «de» Estado – senhores jornalistas e comentadores de serviço, esta é de borla.

Depois afirmam que o governo vai devolver os cortes. Mas devolver exactamente o quê? Ora: Eu tenho cem euros. Roubam-me vinte. Devolver seria restituir-me os vinte para que eu ficasse com os meus cem, certo?

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A superioridade curricular de Varela, Raquel

«Lisboa, uma cidade à venda», poderia bem ser o título deste post. Como o poderia ser «o avanço da gentrificação nas grandes cidades» ou mesmo um pequeno texto sobre como as políticas municipais e nacionais estão a transformar as cidades num espaço apenas acessível a elites económicas, expulsando do seu centro quem desde sempre o habitou por não terem condições para permanecer nestes espaços, agora de elite.

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Das desigualdades da morte #revisitado.

Em Agosto de 2013 escrevi este texto sobre a morte do meu Pai.

Hoje li que «A padecer de uma leucemia aguda, Manuela Estanqueiro, uma professora de 63 anos, viu a Caixa Geral de Aposentações negar-lhe a reforma duas vezes. A instituição só emendou a mão escassos dias antes de a docente morrer, em 2007, depois de a ter forçado a dar aulas em grande sofrimento.».

Deixo-o novamente, para que ninguém se esqueça que nem na morte somos iguais.

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O trabalhador morreu

«Tira o chapéu, milionário, vai um enterro a passar. Foi a filha de um operário, foi a filha de um operário, que morreu a trabalhar.»

Lembro-me exactamente da primeira vez que ouvi frase, cantada entre a «gota d’água», com uma adaptação popular dos militantes comunistas. Sentada em Aveiro, na nossa Festa, olhava os camaradas cuja veia vibrava nas suas gargantas enquanto entoavam as letras que desconhecia. E imaginava um homem, de fato, com um grande chapéu, olhando os operários com as suas fardas azuis envergando um pequeno caixão.
Mas essa imagem era sempre desenhada com figurinos de um século que já não era o nosso. Talvez fosse a época pós revolução industrial, a introdução do taylorismo, o fordismo, os ritmos intensos, as imagens de Chaplin a apertar os botões da roupa dos transeuntes com as suas chaves de fendas.

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Seu grandessíssimo animal!

Não havendo outros pretextos, há sempre textos que vêm a pretexto de uma coisa qualquer para dizer mal do PCP. E como depois de um texto vêm muitos outros textos, eu, que sou uma insuspeita defensora dos animais (tenho crachás e autocolantes que o atestam), vou então escrever um texto sobre este texto e outros pretextos.

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*o sentimento de insegurança gerado pelas autoridades policiais – filmes na estação de comboio

Este post é uma republicação de um texto não assinado que relata uma sexta, de madrugada, na Estação do Rossio, em Lisboa, retirado daqui.

Sexta-feira à noite, estação do Rossio, em Lisboa: mais uma “operação policial para identificação de pessoas suspeitas de entrada e permanência ilegal no país”(…) e “do cometimento de certos crimes.”… Um grande aparato policial junta SEF, PSP e fiscais da CP. Objectivo: controlar os passageiros, nomeadamente imigrantes, enquanto saem das carruagens um a um, verificar a identificação de todos e, já agora, o título de transporte válido. Não é a primeira, não será a última, têm vindo a aumentar. Aliás, nessa noite há, em simultâneo, operações policiais semelhantes em várias zonas da cidade e na periferia. Quantas mais se juntarmos outras cidades e outros dias?

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Visite Lisboa, o maior parque temático do país. *Com o gentil patrocínio da Sonae

Certamente não passaria pela cabeça de ninguém privatizar uma cidade. Cidade enquanto espaço de pessoas, de trabalho, de habitação, de convivência intergeracional. Claro que há espaços privatizados mas o conceito de transformação da cidade como um espaço, ele próprio, privado, aberto apenas a alguns, eventualmente com reserva de direito de admissão é uma ideia estranha.

Assemelhada aos tempos medievais em que a muralha defendia e isolava a povoação, com a vantagem dos portões não serem, necessariamente, uma bilheteira.

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