Em “A indústria do Holocausto” (cuja tradução para português se encontra disponível no catálogo da Antígona), Norman Finkelstein, judeu e filho de sobreviventes do tristemente célebre Gueto de Varsóvia, denuncia a forma como a elite sionista se apoderou do holocausto nazi e o transformou no Holocausto Judaíco (o “Shoah”)* em benefício dos seus interesses e em prejuízo da memória de todas as vítimas da política genocida do III Reich alemão contra diferentes grupos étnicos, religiosos e políticos. Neste dia 27 de Janeiro de 2017, quando passam 72 anos sobre a entrada do Exército Vermelho no complexo de trabalho escravo e extermínio de Auschwitz-Birkenau, opto por lembrar todos os seres humanos directa e indirectamente vitimados pelo holocausto nazi-fascista, juntando a minha voz à de Finkelstein. O Holocausto nazi não perseguiu e assassinou apenas judeus; e por isso, isolar os judeus de todos os restantes grupos étnicos, políticos, religiosos e sociais não é apenas desonesto: é uma certa forma de segregação desprovida de sentido, a não ser para aqueles que vêem no Holocausto um pretexto para a justificação de políticas de ocupação, agressão e segregação no Médio Oriente. Não, o nazi-fascismo não vitimou “apenas” seis milhões de seres humanos, nem perseguiu apenas judeus dispersos pela Europa. Lembrar apenas uns em detrimento de outros é uma certa forma de esquecimento, indesculpável no Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
27 de Janeiro, dia Internacional em memória das vítimas do nazi-fascismo
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