Todos os artigos: Internacional

Marielle, Rosa, Catarina, Iñez, Alice

A lista é infindável. As mulheres executadas porque defendem ideais que combatem a ordem vigente, rompem com o domínio do poder capitalista cujos instrumentos passam pela subjugação da mulher, da mulher negra, da mulher operária, da mulher reivindicativa, da mulher que luta contra um conceito de uma sociedade patriarcal que as quer silenciadas e no lar.

A morte prematura com as execuções de Rosa Luxemburgo, de Catarina Eufémia, as greves de Alice Paul, a morte de Inez Milholland após um comício em que defendia igualdade no direito de voto para as mulheres – todas, independentemente da etnia e da classe social e a execução de Marielle Franco, activista, feminista, eleita, mãe, como se descrevia.

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A Síria aqui tão perto

Foto de bombardeamento saudita no Iémen, jápartilhado nas redes sociais como sendo em Goutha, na Síria

Woodrow Wilson, depois do final da I Grande Guerra, considerava que os Estados deviam ter em conta a Opinião Pública nas tomadas de decisão. Aliás, deveria ser a Opinião Pública a definir o caminho dos Estados. À parte de outros contributos para uma tentativa de reorganização do Sistema Internacional, o então presidente dos EUA esqueceu uma parte essencial sobre o que é a Opinião Pública, como se forma, quem a forma e com que meios.

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A escassez de Economia

Há um livro de Paul Sweezy, de 1973, que tem uma abordagem interessante ao momento que então se vivia no meio académico e que se agravou desde então e, creio, ajuda a explicar a dificuldade sentida, academicamente, no aprofundamento da economia marxista. Economia que, para ser uma ciência social, não pode actuar desgarrada de todas as outras. A economia não é uma ciência exacta, tem matemática mas não é matemática. É por isso que, se num mercado desregulado a oferta e a procura ajustam preços, no mundo real fazem-no à custa do factor do trabalho. É que até o factor capital só existe quando é produzido pelo factor trabalho, e é este princípio que parece ser esquecido ou, não raras vezes, omitido.

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O eterno retorno aos Balcãs

Quando no ano de 1999 as forças norte-americanas agiram, sob a capa da NATO, nos Balcãs e em particular na República Jugoslava – ou no que dela restava – fechava-se um ciclo de desmembramento do chamado “bloco de Leste” iniciado em meados dos anos 80 e irreversivelmente consumado a partir de 1989 com a chamada “reunificação alemã”, a dissolução da União Soviética e a integração, progressiva, de países do extinto Tratado de Varsóvia na triunfante “Aliança Atlântica”.

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O Mais Belo Quadro da História da Humanidade

Enganaram-nos quando nos disseram que o sonho tinha asas. Vivemos séculos de olhos voltados para uma plumagem que não nasceu, para um céu a que nunca haveríamos de chegar. E o sonho, afinal, para se cumprir, não precisava de asas nem do céu. O sonho precisava de braços e pernas que, obedecendo a vontades e não a chefes, erguessem o mundo novo. Seria a escura tinta dos dedos e pulsos operários, e não a alvura da plumagem angelical, a pintar de mil cores o amanhã liberto e limpo. E foi a saliência fria de mãos de fome que pintou, afinal, o mais belo quadro da história da humanidade.

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Catalunha: ou o Povo ou Nada!

O escândalo de corrupção conhecido como “caso Gürtel”, envolvendo directamente o Partido Popular espanhol e alguns dos seus mais destacados membros, começou em Novembro de 2007 e, volvidos dez longos anos, ainda não se acha concluído pela justiça espanhola. Em Julho deste ano, o chefe de governo, Mariano Rajoy, o ultimamente tido como arauto da justiça e da legalidade, foi ouvido pelas autoridades para dizer que “desconhecia” as questões económicas e financeiras do seu partido, até porque, à altura dos factos, se ocupava apenas de “questões políticas”. Outro dos casos de corrupção no mesmo país, desta feita envolvendo membros da família real – o caso Nóos ou Urdangarín – levou sete anos a ser concluído. Terminou com a sentença de prisão para Iñaki e uma ténue multa à infanta Cristina, que, coitada, “não sabia de nada”. Ou seja, eis a duplicidade da justiça que alguns alegam existir no seio da “pura” e “democrática” Espanha “constitucional”: anos e anos a julgar casos de complexa mas comprovada corrupção; escassos dias para meter na cadeia todo um governo catalão democraticamente eleito pelo povo!

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O discreto Caracazo haitiano*

Dois meses. A revolta do povo haitiano estalou há dois meses e na comunicação social da classe dominante nem uma notícia. Talvez o critério editorial seja uma escala tanatológica de um para mil em que, para o Haiti ser notícia, é necessário mil haitianos mortos por cada morto estado-unidense. Mas hoje não há terramotos no Haiti e os rodapés dos telejornais voltarão a desfilar fait divers sobre celebridades, futebol, curiosidades avulsas, a grande questão nacional Santana versus Rio e um restaurante em Manchester que dá os restos aos pobres.

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Os filhos do Condor

Quantos urubus sobrevoam hoje a República Bolivariana da Venezuela?

Enquanto que o processo bolivariano levou educação, cultura, alimentação, trabalho, habitação a milhões de venezuelanos, a grande burguesia nacional viu ameaçados os seus privilégios como nunca antes. Estava habituada a conviver lado-a-lado com os maiores barrios do mundo (favela), mas sempre protegida pelos seus para-militares e sempre dominando os sistemas de produção e distribuição. A opulência nunca foi ameaçada durante todos os anos em que a aliança entre a grande burguesia venezuelana governava o território venezuelano como capataz dos grandes grupos económicos e da administração norte-americana.

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