Se me perguntassem como é que me convenceram, a mim que tenho vertigens, a trepar ilegalmente a uma torre da ponte 25 de Abril na noite de 25 de Dezembro de 2005, eu teria de admitir que não me lembro. Porque éramos putos, talvez; porque éramos estúpidos, de certeza; porque houve um desafio e ninguém queria parecer cobarde, provavelmente. E porque era a prenda de Natal dele. Só me lembro de andar, pé ante pé, pelo cabo de suspensão acima, a agarrar com muita força, com as duas mãos geladas de suor e de vento, a vida pelos dois fios de aço que acompanham o enorme tirante que suspende o tabuleiro.
O punk do bairro negro, um conto de natal
