Autor: Ricardo M Santos

O fascínio pela decadência do império

As eleições nos EUA são sempre um momento de agitação mediática, com comentadores e jornalistas a fazerem intermináveis edições especiais que nos explicam aquele espetáculo degradante que, desta vez quase seria entre dois loucos senis, mas foi entre um louco senil e uma representante da nova geração de líderes dos EUA, que em nada difere das gerações anteriores. Um fascínio pela decadência, fazendo de banda do Titanic enquanto o navio vai ao fundo. Os EUA continuam a ver-se como os polícias de um mundo que cada vez mais não lhes reconhece legitimidade para tal.

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Ministro do Portugal dos Pequenitos

Em meio ano, Nuno Melo, ministro da Defesa, ainda não conseguiu perceber o que significa representar o Estado português. O governo, que tem investido tanto em comunicação, formal e informalmente, ainda não conseguiu explicar ao presidente do CDS que não é ministro da Defesa do Portugal dos Pequenitos.

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Palestina, Livre

Na semana passada, PS, PSD, IL, BE, PAN e Livre votaram a favor de um Projeto de Resolução com vista ao reconhecimento da Palestina. Ou nem por isso. A fidelidade canina de Rui Tavares à UE e a uma esquerda não-marxista, seja isso o que for, significou um recuo naquilo que deveria ser o reconhecimento imediato do Estado da Palestina pelo Parlamento. A embaixada israelita em Portugal, com quem Rui Tavares participou numa photo-op não há muitos dias, terá ficado grata.

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Jornalismo, o elogio fúnebre

Diz-se que, numa guerra, a primeira vítima é a verdade. E o jornalismo, que já corria perigo de vida, viu a guerra matá-lo e enterrá-lo, definitivamente, com a cobertura recente dos acontecimentos na Palestina. Ao contrário do que se esperava e discutia amiúde, não foram as redes sociais a matar o jornalismo, mas os jornalistas nas redes sociais a matar a sua credibilidade. O jornalismo parece ser secundário.

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Gaza, o campo da morte certa

O levantamento da resistência palestiniana, nos últimos dias, contra o estado apartheid de Israel, fez voltar os holofotes das secções de Internacional dos media para o habitual branqueamento dos crimes de Israel e a diabolização da resistência palestiniana. Em primeiro lugar, pelo apagamento sistemático dos crimes de Israel contra civis palestinianos, que ocorrem todos os dias, sem exceção, há décadas. Em segundo, atribuindo ao Hamas todas as ações dos últimos dias, que envolvem também a morte de civis, procurando reduzir àquele movimento a resistência palestina.

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Os ventos de África

De tempos a tempos, em Portugal, fala-se muito de poeiras vindas de África trazidas pelo vento, que deixam o céu escuro e o sol escondido por trás do que o Sahara faz questão de partilhar connosco, que causam dificuldades respiratórias, chegam ao retângulo e nos cobrem de um manto que não nos deixa ver mais longe. Uma espécie de nevoeiro que cobre a visão e só nos permite ver pouco mais do que o nosso umbigo. Enquanto isso, em África, parece haver novos ventos que se levantam, com uma clareza e objetividade que não temos por cá.

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Rogeiro, o especialista

Nuno Rogeiro apareceu no espaço público no começo das década de 90 do século passado, como especialista em coisas, nomeadamente, várias. Ao longo dos anos, foi passando por vários Órgãos de Comunicação Social, vendendo as suas análises sempre sábias e assertivas, com mais certezas que dúvidas, o que não deixa de ser curioso para quem se debruça sobre Relações Internacionais. Rogeiro tem hoje, com José Milhazes, um programa na SIC, onde debita tantas mentiras e manipulações que há um utilizador, no Twitter, que tem uma thread – uma cadeia de tweets – com mais de 200 desmentidos. Trata-se de Luís Galrão e é verificador de factos, cujo trabalho é de acompanhamento obrigatório, não só sobre este assunto como muitos outros.

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Quando se nasce junto ao mar, em terra de pescadores, sabemos bem como é viver com o medo do mar, que, de tempos a tempos, enterra vidas sem dó nem piedade. Aprendemos, antes de mais, a respeitar o mar e ainda mais aqueles que dependem dele para viver. Em Portugal, onde nos fartamos de exaltar feitos marítimos, temos este país inclinado para o mar, que há de ser a nossa desgraça, enquanto não olharmos para dentro e percebermos que as assimetrias não são entre Lisboa e Porto, mas sim entre Lisboa, Porto e o resto do país. Mas voltemos ao mar.

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