Autor: Bruno Carvalho

URGENTE: direita espalha violência na Venezuela

Há poucas horas, caíram dois militantes de esquerda assassinados pela direita em pleno centro de Caracas. Eram do bairro 23 de Enero e tentavam defender um edifício público que estava a ser assaltado por manifestantes de direita. Segundo informações divulgadas por diversos órgãos de comunicação social, terão sido alvejados por franco-atiradores. Até ao momento, há mais de 20 feridos. Grupos violentos estão a espalhar o terror por todo o país depois de dirigentes da direita venezuelana terem apelado à radicalização dos protestos. Há que recordar que o presidente Nicolas Maduro encetou nos últimos meses várias conversações para estabelecer um clima de paz no país e chegou a reunir com representantes da direita. Contudo, o rasto de violência que o fascismo está a deixar nas ruas da Venezuela deixa antever que a receita seguida pelo imperialismo poderá ser, provavelmente, a mesma que está a usar na Ucrânia.

País Basco: quando existir é crime

Há mais de 13 anos, numa das muitas revoltas que estouram no País Basco, por todos os motivos e mais algum, um jovem independentista foi detido e acusado de incendiar um autocarro. Com nome de rocha oceânica, Arkaitz Bellon foi encarcerado desde então. Contra a legislação europeia que exige a garantia de que cada condenado cumpra a sua pena o mais perto possível da sua residência, o Estado espanhol atirou-o para uma prisão na Andaluzia. Arkaitz Bellon resistiu a uma pena que é a todos os títulos mais dura do que as que aplicam a crimes como o da violação ou o da pederastia e resistiu aos sucessivos espancamentos por guardas prisionais. Arkaitz Bellon resistiu até esta tarde quando o corpo foi encontrado sem vida dentro da própria cela. Morreu a quatro meses de ser libertado. Tinha 36 anos.

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Lénine, 90 anos depois

Desde que o coração de Lénine deixou de bater, há 90 anos, e o seu corpo exposto na Praça Vermelha, não mais deixou de haver longas filas de mulheres e homens dispostos a homenagear o cérebro da revolução de Outubro. Mas o que marcou o século XX foram as fileiras de trabalhadores armados com as ideias de Lénine que em cada país se atreveram a desafiar o capitalismo. É por isso que longe da tristeza que nos poderia deixar o vazio quando um dos nossos nos abandona, sobra tanta coragem para seguir o exemplo de todos eles. E foram tantas as vezes que tentaram matar Lénine depois de morto que já era hora de perceberem que as ideias não morrem quando são abraçadas pelos trabalhadores como suas. Por mais estátuas que derrubem, o seu contributo para a história continuará a morder os calcanhares ao capitalismo.

Poema a Lénine (Bertolt Brecht), em castelhano 

1
Al morir Lenin,
un soldado de la guardia, según se cuenta,
dijo a sus camaradas: Yo no quería
creerlo. Fui donde él estaba
y le grité al oído: “Ilich,
ahí vienen los explotadores. No se movió.
Ahora estoy seguro que ha muerto.

2
Si un hombre bueno quiere irse,
¿con que se le puede detener?
Dile para qué es útil.
Eso lo puede detener.

3
¿Qué podia detener a Lenin?

4
El soldado penso :
Si oye que los explotadores vienen,
puede que estando solo enfermo se levante.
Quizás venga con muletas.
Quizás haga que lo traigan
pero se levantará y vendrá
para luchar contra los explotadores.

5
El soldado sabía que Lenin
había peleado toda su vida
contra los explotadores.

6
Cuando terminaron de tomar por asalto
el Palacio de Invierno, el soldado
quiso regresar a su hogar, porque allí
se habían repartido ya las tierras de los propietarios.
Entonces Lenin le dijo: Quédate.
Todavía hay explotadores.
Y mientras haya explotación
hay que luchar contra ella.
Mientras tu existas,
tienes que luchar contra ella.

7
Los débiles no luchan. Los más fuertes
quizás luchen una hora.
Los que aún son más fuertes, luchan unos años. Pero
los más fuertes de todos, luchan toda su vida, Èstos
son los indispensables.

Muitas barricadas, um planeta

Palpitam as veias abertas do nosso planeta. Enquanto a tirania se lança sobre todos, cada povo levanta a sua barricada. Já não vivemos os tempos em que se proclamava o fim da história. Na antiga capital de Castela, a população do bairro Gamonal subleva-se contra a construção de um dispendioso boulevard. Ardem contentores do lixo e as ruas estão bloqueadas com destroços. Sob ordens da autarquia, a polícia avança sobre quem protesta. Repetem-se as imagens em Hamburgo. Incontroláveis, milhares de jovens resistem, dia após dia, à repressão. Tudo começou com o despejo de um centro social. O governo alemão decretou o estado de emergência para poder reprimir indiscriminadamente. Há 91 anos, foi ali que a população se levantou em armas e tomou o poder durante três dias sob orientação dos comunistas. No País Basco, mais de 130 mil pessoas invadiram as ruas de Bilbau para responder com amor aos seus heróis que apodrecem nas prisões espanholas e francesas. Ler mais

A violência de que poucos falam

Da sondagem encomendada pelo jornal i à empresa Pitagórica, ficamos sem saber se 30,6% dos que responderam que concordavam com haver risco de violência caso Passos Coelho e Cavaco Silva não se demitam o fizeram porque acham que a situação em que vivemos é insustentável. Mas também não podemos chegar à abusiva conclusão do diário quando afirma que a maioria não teme violência nas ruas porque, de facto, a questão não se prendia com temeridade mas com o risco, ou seja, com a probabilidade disso acontecer. Contudo, parece claro que os portugueses temem mais a violência do governo do que a tão propalada violência nas ruas. Ler mais

O mundo ao contrário

A Direcção-Geral de Saúde (DGS) pede aos lisboetas para que não coloquem o lixo nas ruas para que não se agravem as consequências da greve dos trabalhadores da autarquia. E por que não exige antes à Câmara Municipal de Lisboa que negoceie com os grevistas para que a situação regresse à normalidade? Faz recordar um jornalista chico-esperto que escreveu uma notícia sobre ambiente no Público e que responsabilizava as greves gerais pelo aumento substancial de poluição nas vias de acesso às grandes cidades. Já é rebuscado arrancar tal afirmação para inventar uma prosa contra a luta dos trabalhadores mas menos rebuscado seria se percebesse que quem vai trabalhar em dia de greve não é senão fura-greve. Ler mais

Natal em Caracas

Há muitos anos atrás, num país cuja tradição natalícia é o pernil de porco, os estômagos dos miseráveis das favelas não provavam mais do que hallacas. Do porco, só os restos que acompanhados de algum frango e vaca eram embrulhados com as azeitonas, passas e alcaparra em massa de milho. Depois, era tudo isto coberto por folhas de bananeira. Na Venezuela, a operação de feitura das hallacas é ainda hoje um hábito que envolve todas as famílias nas noites que antecedem a véspera do natal. Antes, o único momento em que os pobres da cidade viam um pernil de porco era quando a empregada o levava para a casa dos ricos. Ler mais

A revolução não passa na televisão

Enquanto Nelson Mandela é recordado nas televisões por aquilo que nunca foi, começou em Quito o Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes. Depois da África do Sul, é a vez do Equador receber jovens de todo o mundo. Encabeçando os ideais por que se bateu o histórico resistente sul-africano, dezenas de milhares de raparigas e rapazes de centenas de países protestam contra o imperialismo e reclamam pela paz e justiça social. Precisamente porque esta notícia só tem lugar no caixote de lixo das redacções é a prova de que não querem saber de Nelson Mandela. Ler mais