Marcelo, uma vez mais, não se conteve. Aliás, Marcelo nunca se contém. O seu conservadorismo, a sua idiossincrasia, o peso da formatação rígida de outros tempos há-de sempre sobrepor-se ao dever institucional. A sua fé, as suas paixões, os seus ídolos, tudo isso legítimo, mas tudo isso muito inapropriado e muito desenquadrado quando se é investido num papel para o qual se teve tempo e mais que tempo para se preparar. Pode considerar-se pura e insignificante minudência o gesto reverencial de Marcelo perante a rainha do Reino Unido e retratado pelas câmaras fotográficas de todo o mundo. Contudo, e especialmente no que diz respeito a Marcelo Rebelo de Sousa, por vezes é bem mais substancial e revelador um gesto, por simples que seja, do que o débito de um chorrilho de palavras a um qualquer microfone ou câmara de televisão.
As Vénias da República
