Fátima Romaneiro era militante do PCP, foi resistente anti-fascista e morreu no passado dia 1 de Novembro. Era católica praticante, frequentava a igreja todos os domingos e nos últimos 15 anos fora anualmente a Fátima, a pé, em peregrinação. Era conhecida do pároco e de toda a gente na paróquia. Quis como última vontade que na hora da sua despedida estivessem presentes ou simbolizadas as duas vertentes da sua vida: ter funeral católico e a bandeira do PCP pousada sobre o caixão. Dentro da igreja, ao ver a bandeira sobre a urna, o sacerdote ordenara de imediato a sua retirada. Como é evidente, por decisão da família, a bandeira foi mantida. O sacerdote decidiu então retirar-se ele próprio, negando-se a prosseguir as exéquias. Conclusão da história: esta fiel católica, devota, cumpridora dos rituais sagrados, por ser também comunista e querer expressar simbólica e livremente a sua militância num país que consagra a livre expressão, livre opinião e livre filiação partidária, acabara por ser sepultada com um Pai-Nosso e palmos de terra. Uma longa vivência espiritual. Tão triste e revoltante fim.
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