Verdades muito incómodas: prostituidores, coacção sexual e negação do dano na prostituição

Porque hoje é o dia em que se assinala o combate ao tráfico de seres humanos para fins de exploração sexual, coloco um dos artigos que considero ser um tratado, um verdadeiro manual, para perceber o sistema prostitucional e o discurso bafiento sobre o “trabalho sexual”. Bem sei que é longo, mas pela primeira vez aborda a perspectiva de quem compra. 

A globalização aumentou ainda mais o desequilíbrio de poder entre o prostituidor com a carteira e a mulher que aluga sua vagina por uma taxa. Em França, 85% das prostitutas são imigrantes, a maioria sem papéis e vulneráveis à exploração. Na Alemanha, com seus mega bordéis legais, cerca de dois terços. Se a procura não for combatida, mais virão. Deve mesmo ser motivo de orgulho para qualquer nação ocidental, que as mulheres pobres de pessoas tailandesas e ucranianas sejam importadas para o serviço dos pénis do “primeiro mundo”? – Janice Turner, 2014 [1]

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As chamas nunca foram de esquerda.

A tendência terrorista da direita faz parte do seu código genético. Só alguém distraído pode pensar que a mesma burguesia que está disponível para usar o fascismo como método do estado a fim de salvaguardar os seus privilégios teria algum prurido em usar o ataque cobarde como instrumento de disputa política.

Desde há muito que as chamas são instrumento da direita acossada e não precisamos regressar ao Reichstag incendiado pelas mãos de Göering e Hitler, pois temos ainda marcas recentes de 1975 em Portugal e muitos se lembram de quantas labaredas se espalharam pelos centros de trabalho do Partido Comunista Português e até pela floresta portuguesa sopradas por um destacamento terrorista dos sectores reaccionários.

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Espanha é uma estaca

Conta o rei Juan Carlos que, dias antes de morrer, Franco o mandou chamar e lhe disse: «majestade, peço-lhe apenas que preserve a unidade de Espanha». Eis os dois nós que aguentavam todas as cordas da promessa de que deixava «tudo atado e bem atado». Desde a guerra de 36, as cordas da unidade de Espanha e da monarquia seguram o fascismo e o capitalismo.

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Em catalão, diz-se llibertat

“A polícia espanhola chegou”. Imediatamente, uma muralha de mulheres e homens dispõe-se para impedir que levem as urnas. Depois de uma violenta carga policial, as forças da repressão conseguem invadir a assembleia de voto de Sant Iscle. Quando entram no Casal de la Gent Gran deparam-se com um cenário que não esperavam. Dezenas de pessoas jogam dominó como se fosse um dia normal e continuam a fazê-lo entre cassetetes, escudos e capacetes. Não há urnas. Não as encontram em parte alguma e decidem partir. Os jogadores de dominó abraçam-se. Os habitantes de Sant Iscle abraçam-se. Meia hora antes, alguns deles haviam fugido com as urnas e os votos por uma porta secreta e esconderam-nos num nicho do cemitério. Depois, trouxeram todo o material de volta e o resto da população pôde votar. Pois é. Nenhuma brutalidade policial e nenhum Estado repressivo podem esmagar a vontade de um povo que decidiu o seu caminho.

CDU, a força dos trabalhadores e do povo

Imaginem alguém que nada contra a corrente. Imaginem-se a correr em terra batida contra alguém que vai num tapete rolante. Imaginem uma equipa que joga sempre fora com um árbitro comprado pelo adversário que leva vários golos de avanço e que tem um altifalante que o elogia durante 90 minutos. Esse altifalante são os jornais, rádios e televisões. É assim qualquer campanha em que participa a CDU. Seja por omissão, desvalorização ou manipulação, os candidatos e os programas desta candidatura estão sempre arredados no último lugar da agenda mediática.

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Podes tirar o Daniel Oliveira do BE mas não tiras o BE do Daniel Oliveira

Daniel Oliveira, fazedor de opinião de encomenda do Expresso e talvez de mais uns quantos órgãos da doutrina dominante, certamente por reconhecimento de um brilhantismo fabricado precisamente por quem lhe paga e não menos certamente aceite pelo próprio como verdadeiro, usa uma vez mais as colunas que produz no jornal de Balsemão para a campanha eleitoral, a coberto de opinião.

Desta feita, DO começa logo por dizer que as sondagens não indicam nada mais que tendências, mas segue um texto bastante robusto e programático para algo que se baseia apenas em tendências. Depois, partindo dessa desvalorização aparente da sondagem, DO segue uma construção política definida pelo BE como orientação nacional: isolar a CDU e definir um programa conjunto entre BE e PS.

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Louçã. Fica tudo dito.

No dia 12 de Julho, o BE apresentou na Assembleia da República um voto de condenação e repúdio pela discriminação contra a comunidade cigana na Freguesia da Cabeça Gorda. De nada valeu que, pela altura da apresentação do voto, já a Freguesia da Cabeça Gorda tivesse esclarecido que o enterro do homem da comunidade cigana não se podia realizar no cemitério local pelo simples motivo de que existia um regulamento que o impedia, dado o facto de ali não ter pertença, nem morada passada ou presente.

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As tranças de Maria

“Se passeares no adro no dia do meu enterro diz à terra que não coma as tranças ao meu cabelo”, cantam por vezes as mulheres da região de Lafões. Com uma das mais bonitas tranças que vi até hoje, dias antes de morrer, a irmã quase nonagenária da minha avó contou-me a história da deserção do meu bisavô. Acamada e ensombrada pela cegueira num lar transmontano, desdobrou a memória e falou do rapaz que andou clandestino durante meses pelas montanhas do Larouco. Não fazia ideia de quem era Lénine e do que havia sido a Conferência de Zimmerwald mas o pastor e contrabandista, que acabaria por morrer sem nunca ter visto o mar, decidia há cem anos adiar a morte evitando uma guerra que não lhe dizia nada.

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