No 104º aniversário do nascimento de Álvaro Cunhal

Cumprem-se os 104 anos do nascimento de Álvaro Cunhal.

Não há homenagens justas que não passem por dar o que temos todos os dias para a construção do socialismo e para a superação revolucionária do capitalismo. Esse compromisso que cada um de nós assume individualmente e cumpre também colectivamente é a forma mais digna de honrar todos quantos deram a sua vida pela luta dos povos, pela emancipação dos trabalhadores e pelo comunismo. Contudo, hoje a minha luta passa por escrever estas palavras que, não sendo de homenagem, são de assinalamento de uma data e de valorização de um contributo teórico e prático que tendo sido determinante em várias fases da vida do Partido Comunista Português e do próprio Povo Português, é hoje ainda muito importante.

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O Mais Belo Quadro da História da Humanidade

Enganaram-nos quando nos disseram que o sonho tinha asas. Vivemos séculos de olhos voltados para uma plumagem que não nasceu, para um céu a que nunca haveríamos de chegar. E o sonho, afinal, para se cumprir, não precisava de asas nem do céu. O sonho precisava de braços e pernas que, obedecendo a vontades e não a chefes, erguessem o mundo novo. Seria a escura tinta dos dedos e pulsos operários, e não a alvura da plumagem angelical, a pintar de mil cores o amanhã liberto e limpo. E foi a saliência fria de mãos de fome que pintou, afinal, o mais belo quadro da história da humanidade.

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Catalunha: ou o Povo ou Nada!

O escândalo de corrupção conhecido como “caso Gürtel”, envolvendo directamente o Partido Popular espanhol e alguns dos seus mais destacados membros, começou em Novembro de 2007 e, volvidos dez longos anos, ainda não se acha concluído pela justiça espanhola. Em Julho deste ano, o chefe de governo, Mariano Rajoy, o ultimamente tido como arauto da justiça e da legalidade, foi ouvido pelas autoridades para dizer que “desconhecia” as questões económicas e financeiras do seu partido, até porque, à altura dos factos, se ocupava apenas de “questões políticas”. Outro dos casos de corrupção no mesmo país, desta feita envolvendo membros da família real – o caso Nóos ou Urdangarín – levou sete anos a ser concluído. Terminou com a sentença de prisão para Iñaki e uma ténue multa à infanta Cristina, que, coitada, “não sabia de nada”. Ou seja, eis a duplicidade da justiça que alguns alegam existir no seio da “pura” e “democrática” Espanha “constitucional”: anos e anos a julgar casos de complexa mas comprovada corrupção; escassos dias para meter na cadeia todo um governo catalão democraticamente eleito pelo povo!

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O discreto Caracazo haitiano*

Dois meses. A revolta do povo haitiano estalou há dois meses e na comunicação social da classe dominante nem uma notícia. Talvez o critério editorial seja uma escala tanatológica de um para mil em que, para o Haiti ser notícia, é necessário mil haitianos mortos por cada morto estado-unidense. Mas hoje não há terramotos no Haiti e os rodapés dos telejornais voltarão a desfilar fait divers sobre celebridades, futebol, curiosidades avulsas, a grande questão nacional Santana versus Rio e um restaurante em Manchester que dá os restos aos pobres.

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Das três condições à solução política actual

Há quem diga que a “geringonça” – como lhe chama quem diz isso – teve a sua sementinha aqui, ainda em Setembro, quando Catarina Martins, pelo BE, dá uma primeira indicação sobre o diálogo com o PS, no estilo tradicional do BE de não hostilizar o PS e de dar até de barato que o PS será força maioritária.

Depois há quem diga que a solução política que actualmente observamos em Portugal e na Assembleia da República nasce aqui, quando Jerónimo de Sousa afirma que PCP e PEV rejeitarão o programa de Governo apresentado por PSD/CDS na Assembleia da República e avança que “PS só não formará Governo se não quiser”, em resposta a perguntas de jornalistas.

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Os filhos do Condor

Quantos urubus sobrevoam hoje a República Bolivariana da Venezuela?

Enquanto que o processo bolivariano levou educação, cultura, alimentação, trabalho, habitação a milhões de venezuelanos, a grande burguesia nacional viu ameaçados os seus privilégios como nunca antes. Estava habituada a conviver lado-a-lado com os maiores barrios do mundo (favela), mas sempre protegida pelos seus para-militares e sempre dominando os sistemas de produção e distribuição. A opulência nunca foi ameaçada durante todos os anos em que a aliança entre a grande burguesia venezuelana governava o território venezuelano como capataz dos grandes grupos económicos e da administração norte-americana.

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PCP, depósito moral da política portuguesa

Um comunista, ao contrário de um membro do PS, do PSD ou do CDS-PP, vive sob um código moral que não precisa de ser escrito nem dito, mas que todos esperam que cumpra. Um comunista não lixa o colega de trabalho, sente, por instinto, repulsa pelo luxo e faz da humildade uma bandeira verdadeira. De um comunista até os membros de outros partidos todos esperam generosidade, seriedade e verdade. Se alguém do PS se cruza com uma injustiça e vira a cara para não ver, está no seu direito, não era nada com ele. Se um comunista fizesse o mesmo, alguém no café diria «é muito comunista, é muito comunista, mas pode ver um gajo na merda e está-se a cagar». E diria bem. Porque ser comunista não é só ser membro de um partido e lutar por um mundo novo: é aceitar voluntariamente o dever formidável de ser o exemplo vivo, militante, pessoal, diário e tangível da superioridade desse ideal. É por isso que já ninguém se surpreende quando um ministro do PS vai trabalhar para uma empresa que privatizou mas nos chocaríamos se um militante comunista exigisse ser tratado por «doutor». Os comunistas julgam-se por critérios superiores.

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