Autor: António Santos

Se toda a gente se juntar

O partido político do capital (PS-PPD-PSD-CDS-PP) prepara-se para nos próximos cinco anos impor ao país cortes no valor de mais sete mil milhões de euros. As vítimas: a saúde, a educação, os salários, as pensões e as reformas dos trabalhadores. Os vitimários: os banqueiros, os patrões e os latifundiários. E enquanto a economia do país dos ricos recupera, a economia do resto do país afunda-se na perpetuação dos sacrifícios e na destruição de Abril. Como dizia há meses um dirigente do PSD, o país está melhor, os portugueses é que vivem pior. Não nos esqueçamos de que não há um país mas dois, o de quem trabalha e o de quem explora e, sendo que o primeiro não precisa do segundo mas o segundo precisa do primeiro, a guerra civil (na acepção leninista) é inevitável. Daqui a dez ou a cem anos.

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Sim à Escócia Independente!

Celebra-se hoje na Escócia o referendo que deposita nas mãos do seu povo a soberania perdida há quatrocentos anos. Mas não nos iludamos, se o sim ganhar, o povo escocês continuará oprimido. A liberdade verdadeira só virá com o socialismo e, como se perguntava Connolly, de que serve substituir a Union Jack, por outra qualquer bandeira, se quem continuará a governar serão outros representantes da mesma burguesia?

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João Lemos Esteves, és uma besta

Tenho dez minutos para, na pausa de almoço, começar e acabar de escrever esta nota. As linhas esticam-se e apagam-se numa percussão violenta. Estou irritado. Bem sei que não devia estar a perder o meu tempo de almoço com este gajo: é inútil criticá-lo, eu tenho mesmo mais que escrever e bestas destas há muitas. Mas nunca nada assim.

Fui professor durante anos e já vi textos muito mal escritos. Trago às costas ainda mais anos de batalhas políticas e conheço de trás para a frente os argumentos e os maneirismos da direita. Não me impressiono facilmente. Mas este texto é outra coisa.

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O ABC da desinformação: Alienação, Boçalidade e Conspiração

Tom Pettitt, um académico da Universidade do Sul da Dinamarca, resume a dificuldade de controlar a informação na era das comunicações digitais com a teoria do Parênteses de Gutenberg, que defende que após uma excepção impressa, com a duração de quinhentos anos, no modo tradicional de partilha da informação, estamos a regredir para uma comunicação de natureza oral, narrativa, fluída e em rede, mais semelhante às histórias contadas à volta da fogueira que ao livro impresso.

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Um balde de água fria

A sociedade do espectáculo é um estado de ansiedade permanente que reduz simultaneamente o espectador a vítima, cúmplice e paciente. À medida que a crise estrutural do capitalismo recrudesce e a previdência social recua, uma fina camada de marketing vai tomando conta das nossas vidas, das nossas inquietudes e dos nossos princípios.

A nova moda de despejar baldes de água gelada pela cabeça abaixo é somente a última moda do tipo de activismo político domesticado que o capitalismo aprova, recomenda e reproduz. Para além da parolice songamonga do acto, que nos dispensa o verbo e a pena, é oportuno denunciar a chantagem moral com que nos querem contagiar e pôr a estupidez de quarentena.

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O Coelho e o tigre

Vamos falar baixinho, que Pedro Passos Coelho está de férias e avisou que as interrompe se isto der merda. Não é caso para tanto: Portugal perdeu numa década mais de meio milhão de jovens, cuja média salarial está cada vez mais longe da média nacional; o Tribunal de Contas divulgou que já perdemos 2,2 mil milhões com o BPN e o BES  pode ser ainda pior; Os portugueses estão cada vez mais pobres.

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Viver e crescer na Juventude Comunista

A vida está cheia de aniversários importantes que ninguém celebra: aprender a andar de bicicleta, o primeiro dia de escola, a última vez que abraças alguém de que gostas, o momento em que compreendes alguma coisa essencial sobre o mundo em que vives. Hoje, há precisamente 12 anos atrás, eu subia a velha escadaria do Centro de Trabalho do PCP na Amadora e tornava-me militante da Juventude Comunista Portuguesa.

Eu tinha 14 anos e os trabalhadores da SOREFAME estavam em luta. Eram operários altamentes especializados e com décadas de experiência a fabricar comboios, barragens e maquinaria pesada. Quando os patrões decidiram deslocalizar a produção, os trabalhadores disseram não. Eram o coração e o orgulho da Amadora operária, não se iam render. Então os capitalistas arquitectaram um plano para roubar a maquinaria durante a calada da noite.

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