Autor: Ivo Rafael Silva

A vaidade de Centeno: um insulto ao país

Ser o «bom aluno» da Europa, ter o rótulo de «cumpridor», receber elogios do Banco Central Europeu, é (quase) tudo para isto. Chamaram-lhe o «Cristiano Ronaldo das Finanças» e ele adorou. Centeno não cabe em si de vaidade, e na ânsia de uma ainda maior dose de alimento para o ego, já não olha a meios para agradar a «soberanos». É também isto explica que, sem qualquer tipo de necessidade acrescida, o Orçamento do Estado para o próximo ano consagre mais impostos, menos poder de compra, mais injustiça social, menos equilíbrio salarial, escasso investimento público e um continuado fechar de olhos à especulação ou à sobreacumulação de capitais. É vaidade e é também pura e dura ideologia. O PS fez hoje, como sempre, uma opção política. O PS não escolheu o país. O PS escolheu a UE. Sem nenhuma surpresa, o PS escolheu o capital. Ler mais

Fascismo à beira-mar plantado

A eleição de forças de extrema-direita para o parlamento português foi um balão de oxigénio para muito fascista envergonhado e contido. Para além destes, que agora exibem sem pudor a sua vontade de gasear ciganos e expatriar pretos, há também uma cavalgante onda de propaganda fascista a invadir as redes sociais. Não é apenas uma petição, não é só um meme, não é apenas um ou dois comentários, é uma campanha orquestrada que está em toda a parte. Ler mais

Lucas 18:24,25

Temos assistido, nas últimas horas, e sem surpresa, a uma vasta procissão de carpideiras direitistas e liberais. A coberto de uma comunicação social predominantemente alinhada, lá vão derramando lágrimas e loas sobre o féretro de Soares dos Santos, o “herói nacional” e também “cristão”. Há as que o fazem porque têm o “empresário” nos altares da sua ideologia; há as que fazem habitualmente de qualquer morte a purificação de vidas pouco santas; e há, por vezes, também as que são um misto das duas. Nenhuma destas carpideiras há-de, porém, verter uma lágrima que seja pelos milhares de explorados que efectivamente edificaram o império. Nenhum direitista chorará pelos milhares de precários que, por quererem «sobreviver», construíram com o lombo a “grandiloquente” Jerónimo Martins. Aliás, é para isso que essa «massa» serve; para fazer impérios e dotar de “alma” esses imperialistas a quem possam “beijar os pés” na vida e na hora da morte. Opções. De classe, naturalmente. Ler mais

Populismo: o problema do receptor

O problema maior da disseminação de conteúdos falsos e de extrema-direita por páginas populistas nas redes sociais não reside propriamente no facto de essas páginas existirem. O maior dos problemas está no receptor, mais do que no emissor. O maior dos problemas é haver quem partilhe os seus conteúdos não porque ache genuinamente que sejam verdadeiros, mas porque, no fundo, quer e deseja de facto que tudo aquilo seja verdade.

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Debater a Europa, esse eufemismo

De repente, do alto sapiencial de quem adora «recentrar» ou «circunscrever» todas as discussões à órbita da sua própria mundividência, ou ego, aparece a afirmação ou acusação de que os candidatos às próximas europeias não estão a «debater a Europa». Mas o que é isso de «debater a Europa» afinal, quando esse apelo vem geralmente da direita, de liberais, de ditos europeístas, ou dos comentadores que se sentem muito confortáveis com o sistema? Vamos por partes, começando por referir aquilo que essa expressão definitivamente «não é».

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Santos Silva abriu a boca e não entrou mosca

O ministro português dos negócios estrangeiros voltou a abrir a boca. Sim, é Santos Silva, e todos sabemos o “desconto” que lhe deve estar associado, mas mesmo assim a sua queda para a imbecilidade nunca cessa de se manifestar e de atingir, a cada nova tirada, sempre novos e mais altaneiros patamares. A verdade é que Santos Silva tem sido muito mais que um ministro de negócios estrangeiros.

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Há «camisas verdes» nas redacções

O que determinados órgãos de comunicação social estão a fazer ao PCP é miserável, mas ninguém pode achar que seja propriamente «incompreensível». E isso compreende-se da seguinte forma: todos sabem o que é que o PCP combate. O PCP é um partido histórico, fundador da democracia, com provas dadas, com quase um século de existência. O PCP levou com os estalos dessa Primeira República acossada e turbulenta. Essa República onde a direita liberal (essa dita tradicional, do «centro», institucional, moderada) foi a primeira a ser olímpica e tristemente seduzida, engolida, passivamente possuída – dando todo o consentimento – à aparição e efectivação do fascismo. Essa mesma «direita centrona» e «liberal», «modernaça», «futurista», que existe, mas que está hoje num outro patamar. Perante a passividade quase geral, está a ser não seduzida, mas ela própria a seduzir voluntariamente xenófobos, neo-nazis, fascistas, «populóides», fanáticos do capital, imperialistas.

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Propinas: A tragédia de gerações!

Fui “apenas estudante” até ao 11.º ano. A partir daí fui sempre “trabalhador-estudante”. Não por escolha. Foi porque teve de ser. E porquê? Porque a Constituição não foi (como continua a não ser) cumprida. Apenas isso. Porque a palavra “tendencialmente” em “ensino tendencialmente gratuito” foi das mais graves e escandalosas armadilhas legislativas perpetradas ao povo português. Uma armadilha propositada, criminosa, que arrumou para canto gerações inteiras de estudantes que não o foram, ou que deixaram de o ser. Muitos foram “para onde podia ser”, “para o que dava” ou “para o mal menor”. No ensino, como em tudo o resto, a “livre-escolha” capitalista não passa de uma falácia, um engodo, uma ficção.
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