Os acontecimentos de Minsk e Debaltseve dominaram a abordagem mediática à situação da Ucrânia, num momento em que passa precisamente um ano sobre os dias finais do golpe da Praça Maidan, em Kiev. Pouco se fala, pouco se tem falado, da diminuição brutal da actividade económica no país, com uma queda do PIB bem superior àquela verificada em Portugal durante todo o período do “ajustamento” (só em 2014 a queda do PIB foi superior a 7%). Pouco se tem falado da entrada em grande do FMI neste processo de acelerado desmembramento do estado ucraniano saído do processo de auto-dissolução da URSS, no início dos anos 90 do século passado.
Autor: Rui Silva
“A História Do Papagaio Caio, Da D. Vicência Sampaio E Da Amiga A Dona Carlota Bexiga”
A política de direita não precisava de mais um jornal ao seu serviço no panorama editorial nacional. Certo sector da direita sim, sentia-se sub-representado. O Observador surge nesse contexto, multiplicando por muitos um espaço de promoção de uma mundivisão ultra-reaccionária que tinha em meia-dúzia de articulistas dispersos, cruzados sem crédito num panorama geral de publicações mais contidas e encostadas a chavões meio-tinteiros, os seus mais diligentes representantes. Com o surgimento d’O Observador passaram a existir, em menos de nada, cinco ou seis novos Henriques Raposo, nove ou dez Joões César das Neves, três ou quatro Pulidos Valentes.
A Ucrânia dividida
Infelizmente para a Ucrânia e para a Paz, tudo parece apontar para mais um acordo fracassado. A paz não é do interesse daqueles que fazem da guerra o viveiro natural das suas actividades criminosas. Também não é do interesse daqueles que não se pouparão a esforços no sentido de integrar a Ucrânia na esfera político-militar da NATO. As declarações do dirigente fascista Dmytro Yarosh poucas horas depois de anunciado o segundo acordo de Minsk serão olimpicamente ignoradas pela narrativa já montada em torno do eventual (e provável) fracasso do cessar fogo. Notícias publicadas pela imprensa nacional e internacional demonstram-no com clareza: União Europeia e Estados Unidos aguardam apenas um pretexto para intensificar as sanções à Rússia [1] e para dar o passo decisivo no mais perigoso dos sentidos nesta guerra – a intensificação das relações entre a Ucrânia e o aparelho militar da NATO. Mikheil Saakachvili, ex-presidente da Geórgia com ligações conhecidas a Washington, assume neste processo como figura de proa.
Os snipers da Maidan (novos desenvolvimentos)
Os disparos de snipers sobre polícias e manifestantes na Praça Maidan, em Kiev, foi um dos elementos mais mediatizados daqueles dias de conflito aberto entre forças policiais e gente que a comunicação social ocidental descreveu de forma insistente como manifestantes “pacíficos” e “desarmados”.
É desde há muito perfeitamente óbvio que nem os manifestantes se encontravam todos desarmados, nem os protestos foram de forma alguma pacíficos. O golpe de estado deu-se de forma violenta e prosseguiu logo depois com a ocupação de sedes e ilegalização da actividade dos partidos tidos como “russofilos”, espancamentos e intimidações, assassinatos de que é exemplo o massacre de Odessa, a 2 de Maio de 2014.
Uma questão de rigor.
Acho interessante e até justo que se lembre a República Federal da Alemanha, de forma tão regular quanto necessário, que após a II Grande Guerra aquele país beneficiou de um importante perdão relativo à colossal soma de dinheiro que, nos termos dos Acordos de Potsdam, era devida a alguns dos países “aliados”.
É todavia importa notar – ter presente quando se aborda o tema – que a RFA era, nesse momento histórico, apenas uma parte da Alemanha. E que a RDA não beneficiou do mesmo tipo de perdão acabando por pagar à URSS – de muito longe o mais devastado e martirizado país da Guerra -, nos termos de Potsdam, a quase totalidade das reparações devidas.
A libertação de Auschwitz aconteceu há 70 anos
Sobre o tema, leitura aconselhada aqui.
Seis notas sobre as eleições gregas
Estou como o André: não sou grego, não conheço de forma profunda a realidade grega e, na melhor das hipóteses, serei um observador mais ou menos atento, sem pretensões a autoridade na matéria.
“Teorias da conspiração”
Nota prévia: este post não é sobre os acontecimentos de Paris.
É sabido que, perante acontecimentos inesperados e altamente mediatizados, existe uma tendência evidente e quase incontrolável associada ao surgimento das chamadas “teorias da conspiração”. Estas “teorias” são geralmente explicações alternativas para os incidentes a que se referem, nuns casos fantasiosas e construídas com base em pressupostos errados ou simplesmente falsos, noutros casos nem tanto.