Todos os artigos: Internacional

Espanha, e agora?

Alfonso Fernández Ortega, 24 anos, jovem trabalhador do bairro madrileno de Vallecas, foi preso a 14 de Novembro de 2012. No mesmo dia em que teve lugar uma greve geral em Portugal, Espanha, Grécia e Itália (parcial), numa acção conjunta dos trabalhadores contra as medidas de agressão e austeridade.

No mesmo dia em que em Portugal polícias agrediam violentamente manifestantes e alguns ficaram desaparecidos várias horas depois de detidos (enquanto regressavam a suas casas), Alfonso, também conhecido como Alfon, era detido, juntamente com a sua namorada, ao saírem de casa para se juntarem a um piquete. A acusação? Explosivos na mochila. Problema: nunca foi provado que algum deles tivesse em posse quaisquer explosivos ou sequer resíduos nas suas roupas, corpos ou casas. Convém saber o que se passou de seguida. Porque, afinal, o estado espanhol não é assim tão longe e não está tão distante em termos ideológicos ou legislativos do estado português (como, aliás, foram exemplo as detenções em Lisboa nesse mesmo dia).

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Terramoto eleitoral na Venezuela

O pior dos cenários foi confirmado, na Venezuela, pelo Conselho Nacional de Eleições. De forma esmagadora, a direita conquistou mais de dois terços dos lugares disponíveis na Assembleia Nacional. A derrota das forças revolucionárias e progressistas era uma possibilidade assumida entredentes nas fileiras chavistas mas a hecatombe eleitoral que acabou por dar-se surpreendeu a própria Mesa da Unidade Democrática (MUD). A oposição vai ter à disposição 112 deputados com a possibilidade, entre outras coisas, de reformar a própria Constituição, de destituir o vice-presidente e os ministros de Nicolás Maduro. Num acto eleitoral em que a afluência dos venezuelanos às urnas foi superior à de há cinco anos, tudo leva a crer que o resultado, mais do que uma aposta no programa da direita, expressa o protesto contra a degradação das condições de vida, a corrupção e a burocracia. Foi de tal forma surpreendente que a oposição conseguiu, inclusive, ganhar no bastião do chavismo, em Caracas.

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COP21: sucesso?

A Cimeira de Paris, também conhecida por COP 21, sobre as alterações climáticas chegou a um acordo final (ver). O facto de se ter chegado a um acordo é um progresso face ao falhanço da anterior cimeira mundial em Copenhaga em 2009 (a COP 15). É também positivo ter sido acordada a meta de limitar a subida da temperatura abaixo dos 2 graus centígrados. Porém segundo alguns comentadores, o acordo tem suficiente flexibilidade que mesmo sendo cumprido, o mundo persista no caminho de aumento acima dos 3 graus. Em aberto ficaram ainda mecanismos efectivos de apoio aos países em desenvolvimento e aos mais afectados pelas alterações que se vêm verificando. A experiência da ineficácia do Protocolo de Quito, acordado em 1997 e implementado entre 2005-2012, período durante continuou a haver um aumento global de emissões, exige cautela face às eficácia do presente acordo. Não tendo ainda condições de tecer uma análise detalhada sobre o presente acordo, queria aproveitar a ocasião para assinalar algumas questões.

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Black Friday: importação da loucura

Depois do ‘Halloween’ e dos ‘baby showers’ é chegada a vez da ‘Black Friday’: a última moda made in USA a ser bacoca e acriticamente importada para a coutada do Soares dos Santos a que alguns ainda chamam Portugal.

A Black Friday, que tem a sua origem no último quartel do séc. XIX, nas paradas de chegada da época natalícia que despediam o Dia de Acção de Graças, foi evoluindo de um simples dia de descontos para a efeméride alegórica do próprio capitalismo: nos EUA, centenas de milhares de pessoas passam a noite ao relento para, de madrugada, se atropelarem numa corrida aos bens que durante o remanescente do ano, lhes são inacessíveis. Os trabalhadores destas lojas, por outro lado, são forçados a trabalharem horários desumanos, por vezes superiores a 24 horas, amiúde sem qualquer compensação.

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A Síria, a Turquia e o jogo duplo da “coligação” saudita-americana

Quando em 2012 se deu o grave incidente na fronteira entre a Síria e a Turquia, que consistiu no abate de um avião militar turco de reconhecimento que sobrevoava o seu território, as autoridades turcas não hesitaram em activar os mecanismos previstos no artigo 4º do Tratado do Atlântico Norte. Na mesma circunstância afirmaram ser sua intenção activar o artigo 5º do mesmo Tratado, que prevê que um ataque a um dos estados membros da NATO seja considerado um ataque à própria aliança. O tempo era de provocações sucessivas à Síria, com violações grosseiras da sua soberania, promoção mediática, política, militar e diplomática dos grupos armados da chamada “oposição”, utilização do território turco como porto-seguro para a entrada e saída de jihadistas dos campos de batalha e até operações de falsa bandeira que em devido tempo foram denunciadas.

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Paris, e agora?

Paris, sexta-feira, 13 de Novembro de 2015, 7 actos hediondos abalam o mundo. Homens bombistas explodem junto do estádio onde decorria o França-Alemanha, onde famílias com os seus filhos assistiam a um simples jogo de futebol.

Numa sala de concertos, ouvia-se Eagles of Death
Metal
, como também eu já ouvi entre amigos, e entram pessoas que desatam a
disparar. E a matar.

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Depois de Beirute, Paris

Só para lembrar que é dos responsáveis pelo banho de sangue em Paris que fogem os refugiados que abandonam a Síria, o Curdistão, o Iraque e a Líbia. Ontem, foi em Paris. Anteontem, foi em Beirute, onde mais de 40 muçulmanos foram assassinados pelo terrorismo do Estado Islâmico. Em Beirute, morreram árabes. Em Paris, morreram europeus. Todos vítimas dos mesmos carrascos. Não se esqueçam disso quando começar a campanha xenófoba nas televisões, rádios e jornais.

A barbárie nas ruas de Paris é perpetrada pelos mesmos que regaram de sangue o Afeganistão, o Iraque, a Líbia e a Síria. Os mesmos que receberam dinheiro e armas dos Estados Unidos, União Europeia, Turquia, Israel e Arábia Saudita para acabar com regimes nem sempre alinhados com o imperialismo e devolvê-los à Idade Média. E as vítimas, como sempre, somos nós, os trabalhadores.

Hotline – Como Israel recebe os refugiados

Foi dos documentários mais difíceis (chamemos-lhe assim) desde que frequento o doclisboa. Demorei demasiado tempo a processar toda a informação que se recolhe quando a câmara se transforma nos nossos olhos e estamos nós diante de alguém que foi brutalmente torturado para chegar a um país e, aí chegado, só deseja voltar. O Estado de Israel mata. Não só na Palestina. Não só em Israel. Desumaniza. Priva. Tortura. E há quem combata esta realidade, com a certeza do seu lado da barricada, mesmo que a maioria das vezes embata violentamente contra os muros da intolerância e do racismo. Um documentário sobre Hotline for Refugees and Migrants – Israel que vale a pena ser visto.

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