Todos os artigos: Internacional

Visitar o jardim no fogo de Odessa

Uma delegação da Assembleia da República chegou ontem a Kiev para uma visita à capital ucraniana. Entre os participantes está Isabel Pires, deputada do Bloco de Esquerda, que referiu à RTP3 qualquer coisa como “o parlamento [português] tem trabalhado envidado os seus esforços numa solução para a paz”, sem, no entanto, referir quais. Percebe-se. Em 2016, o Bloco de Esquerda recusou integrar uma delegação que acompanharia o Presidente da República a Cuba. O motivo apontado foi a coincidência de datas das jornadas parlamentares, que que teriam lugar na mesma altura. O BE tinha então 19 deputados. Hoje, na Ucrânia, tem a companhia de PS, PSD e IL. Estes últimos, hoje, não devem ser os radicais protofascistas neoliberais que eram no dia 1 de Maio.

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A Estupidificação como Projecto Político do Capital

É inegável a força transformadora da palavra, do argumento e do diálogo. É ela o motor revolucionário da formação, do conhecimento e do progresso. Seria interessante se à semelhança da Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) para fauna e flora, tivéssemos tal ferramenta para entender o estado de conservação de palavras e, sobretudo, dos conceitos que por entre elas se alevantam, no centro do discurso e da intervenção política.

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Os bois e os nomes

As cenas vistas em Brasília, depois de uma marcha de fascistas devidamente enquadrada pelas autoridades policiais, são o resultado da ascensão e reorganização da extrema-direita, a sua normalização, e falsas equivalências entre extrema-direita e tudo o que não seja extrema-direita. Convém recordar que Lula não é comunista, não é um radical de esquerda e será no máximo, e com muito boa vontade, um social-democrata progressista. Mas é um antifascista pelo que, de acordo com a lógica dominante atual, é um radical tão mau como os fascistas, mesmo tendo gente de direita no governo recém-nomeado. O sucedido merece um olhar, ainda que breve, sobre as várias dimensões da questão brasileira, que se estende a outros países um pouco por todo o mundo.

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Em Cuba não se aluga a barriga de ninguém

Enquanto em Itália se votava para eleger o primeiro governo de extrema-direita desde Mussolini, na pequena ilha no meio do Atlântico que todos os dias nos dá 10 a 0, votava-se, 24 rascunhos depois, um referendo de amor e democracia, ou o novo Código das Famílias que, por sinal, é o mais progressista que o mundo já viu, e cuja redacção contou com o contributo de cerca de 70% do eleitorado. Entretanto, continua claro qual destes países é, para o ocidente, uma democracia, e qual deles é uma ditadura.

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Do Ribeiro ambiental ao esgoto a céu aberto

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, vieram a público alguns especialistas instantâneos em diversas áreas: relações internacionais, geopolítica, geoestratégia, história, resolução de conflitos, estratégia militar, entre outros. E não estou a falar dos comentadores residentes nos diversos media, os tudólogos, que tanto têm opinião e sabedoria para disseminar sobre política internacional ou o melhor esquema tático do Benfica, a morte da rainha de Inglaterra ou a localização do novo aeroporto de Lisboa. Esta sabedoria, de quem veio ao mundo para nos iluminar, aos comuns mortais, é sancionada pelos jornalistas que os acompanham, sem que exerçam o seu dever de contraditório que, de tempos a tempos e dependendo dos convidados, exercem com veemência.

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Trocou a pátria dos trabalhadores por 31 anos de pizza

“Trouxe a democracia”, dizem uns. Ora, depois do Gorbatchov a Rússia teve três presidentes: o Yeltsin, o Putin e o Medvedev. Quando dizem que o Gorbatchov trouxe a democracia, que democracia é essa? Do bêbado responsável pelo desmantelamento da URSS, do gajo que vocês actualmente comparam ao Hitler e ao Stalin AO MESMO TEMPO, ou do Medvedev, que vocês dizem que era só um fantoche do Putin? Quem afirma que o Gorbatchov trouxe a democracia tem pela frente a tarefa hercúlea e ingrata de provar que a Rússia pós-soviética é mais democrática do que a URSS.

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Como o Qatar deu gás ao Mundial

As notícias mais recentes apontam para cerca de 6.500 trabalhadores mortos na construção de estádios no Qatar, neste ano. Apesar de ter anunciado pela FIFA como vencedor da organização do torneio a 10 de dezembro de 2010, só muito recentemente – demasiado – se começou a olhar para este atentado. Mas reza a lenda que não há almoços grátis. E gás também não. Quando se fala do possível racionamento do fornecimento de gás a alguns países da União Europeia, vale a pena lembrar que há uma história por trás do Nordstream II, que deveria aumentar o fornecimento oriundo da Rússia à Alemanha, complementando o Nordstream I, e que envolve os dois países e os EUA. Os outros Estados envolvidos serão aquilo a que a ideologia dominante optou por considerar danos colaterais.

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