Todos os artigos: Nacional

Amor é Comunismo

Amor é comunismo (Já está. Agora vá, faz lá esse sorriso cínico. Pronto. Já passou? Então respira fundo, deixa-te de merdas e lê-me lá até ao fim, se faz favor).
Quando em 2006 Chávez foi reeleito, o parque de Miraflores trocou o verde tropical pelo vermelho sanguíneo. Era a imensa multidão dos pobres de Caracas, pobres de uma pobreza antiga, que tinha vindo ouvir o Presidente, o seu Presidente. E por segundos, quando Chávez falou, a praça pareceu tomada de um silêncio imperscrutável – misterioso. Como se quinhentos anos de servidão tivessem por fim findado ou um velho encantamento se levantasse ao som das suas palavras: “Que ninguém tenha medo do socialismo, porque o socialismo é fundamentalmente humano: socialismo é amor, é solidariedade (…) e o meu coração declara-vos o meu amor infinito”. Não é difícil sentir a franqueza de Chávez, mas mais que genuíno, recuperava uma ideia problemática e inexplicavelmente esquecida pela esquerda: a ideia de que o comunismo é o nome político do amor.

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Procura-se Álvaro dos Santos Pereira

Fugiu de casa de seus pais, Álvaro dos Santos Pereira, também conhecido desde a infância como “Alvarinho”. No dia do seu desaparecimento, o indivíduo de 42 anos, vestia um anorak grená, boina azul com a marca “Olá” estampada e ao pescoço transportava um tabuleiro com duas dúzias de pasteis de nata. As forças de segurança dão conta de que o indivíduo aparenta sofrer de perturbações mentais. Vários testemunhos afirmam que foi visto por mais do que uma vez a falar sozinho na rua, em restaurantes, em cafés, em concertos e em salas de cinema, com amigos imaginários a quem trata por “mercados”.

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Procura-se Vítor Louçã Rabaça Gaspar

Fugiu de casa de seus pais, Vítor Louçã Rabaça Gaspar. No dia do seu desaparecimento, o indivíduo de 53 anos, vestia um fato escuro, coçado nos cotovelos, gravata laranja desbotada e sapatos pretos de berloques impecavelmente engraxados. Segundo as declarações recolhidas pela Polícia Judiciária, esta fuga poderá ter-se dado por motivos passionais. Vítor Louçã Rabaça Gaspar terá abandonado a sua relação polígama com os membros do XIX Governo Constitucional de Portugal, para se juntar, numa relação bígama, a duas senhoras de meia-idade, uma alemã e outra francesa, que lhe terão prometido um emprego mais estável e mais bem remunerado do que o seu anterior. Este emprego teria ainda o bónus de ser livre de impostos e oferece a possibilidade de uma relevante reforma antecipada ao final de apenas 3 anos.

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O que os estorva mesmo é a democracia

Já não deve constituir surpresa para ninguém o facto de PSD e CDS demonstrarem enorme interesse em derrubar, de uma vez por todas, quaisquer obstáculos que se entreponham à sua missão ideológica. Atendendo às reincidências no cadastro da sua acção governativa, já não se pode nem se deve falar de «incompatibilidade» da política deste governo com a Constituição. Mais do que isso, trata-se antes de perigosa e muito grave «incompatibilidade» de PSD e CDS com a própria democracia. Estes partidos, não apenas pela prática política mas também pelo discurso cada vez mais reaccionário dos seus principais responsáveis, vão deixando cair essa máscara fictícia de partidos pertencentes a um «centro moderado», a um «centrão» ou «bloco central», ainda que tal falsa ideia vingue (por enquanto) entre a maioria da população. Começa a ser risível, embora preocupante, que haja ainda quem tenha o despudor de falar pejorativamente em “radicalismos” em referência ao PCP – partido defensor acérrimo dos preceitos constitucionais, lutador incansável pelo cumprimento da Lei Fundamental -, quando aquilo que vemos é que os verdadeiros radicais, aqueles que ameaçam a democracia, os que procuram incumprir (repetidamente) as leis do país, mesmo as fundamentais, esses, são os que já se encontram instalados no poder em Portugal.

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Em meu nome, não.

Era uma vez uma lei chamada Constituição. Todas as pessoas tinham que a cumprir. Se não cumprissem, começavam a receber cartas e a ficar sem o ordenado. Deixavam de poder ir a hospitais, à escola, etc. Mas sabiam que enquanto contribuíssem colectivamente havia mais casas, mais transportes, mais jardins e por isso protegiam essa lei, porque lhes dava garantias de todos poderem brincar, estudar, tratar as feridas, ler livros, enfim.
Mas um dia chegaram uns senhores com uma pandeireta e muito bem dispostos. Disseram «o que é isso, a Constituição»? Começaram a fazer muitas festas e com pessoas que falavam muitas línguas. Construíram uma casa muito grande e começaram a comprar as escolas, os hospitais, as bibliotecas, os jardins. Até a praia tinha o nome de um desses senhores.

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Uma moção do povo

Desde que o PCP, pela voz do seu secretário-geral, anunciou que iria apresentar uma moção de censura ao governo, que não pararam as conjecturas sobre o real significado da mesma e sobre a sua “utilidade”. Nada de novo. O PS, em desespero de causa, e como é costume, vitimizou-se tomando as dores de alvo a abater pelo PCP, considerando a moção como um «frete ao governo», anunciando contudo que votaria «a favor». Se, por um lado, se trata de uma moção que pelas circunstâncias de o governo ter maioria no parlamento terá os mesmíssimos efeitos práticos que teve a moção do próprio PS, por outro, o PS entende, assume, mas não admite nem pode admitir, que aquilo que o PCP combate com esta moção de censura, é também aquilo que, em grande medida, o PS defende e já começou por pôr prática com os PEC’s, bem como com as políticas levadas a cabo pelos seus anteriores governos.

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Torniquetes e Barreiras

É sempre o mesmo espectáculo. O saltar metálico das rodas do comboio, os corpos apertados «com licença…» a evitar inevitavelmente tocar nos outros. E eis que «Senhores passageiros!» grita aos altifalantes uma voz respeitosamente agastada «É favor não forçar as portas do comboio!». Quando os travões chiam, o sol ainda vai alto na estação de Queluz-Belas, uma enorme barraca de alumínio no meio dos prédios. «Vai sair? Com licença». Depois, a multidão transborda como uma bebida gasosa agitada durante toda a viagem, arrastando consigo os que ficaram presos ao varão central e que só queriam sair na próxima.

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Soltas que domingo nos trouxe (sim, também se fala de abstenção neste texto)

Notas muito soltas que vêm do último domingo, mais baseadas nos números do que noutra coisa. Não me apetece, por exemplo, escrever Marinho Pinto mais do que as vezes estritamente necessárias:- resultados finais da votação de domingo, em todos os países da União Europeia, aqui, em Portugal, aqui

– os resultados eleitorais em Portugal reflectem uma realidade que se verificou por toda a Europa, uma maior dispersão de votos pelas forças que normalmente não estão nos governos e uma forte condenação dos partidos que normalmente estão;

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