Ser enfermeiro no país da austeridade, por Mário A. Macedo

6H00. O despertador faz eco pelo quarto. Acordo num sobressalto, sem saber ao certo o que se passa. Faz já 3 semanas desde a última folga. O corpo já pede descanso, mas arrasto-me para fora da cama para mais um turno. Desde que a “crise” começou que somos cada vez menos, rara é a semana que não há notícia de mais um colega a fazer as malas e a emigrar para o Reino Unido, Irlanda, França, Suíça… Só no período 2010-2014 foram mais de 10.000 colegas a fugir de país que não oferece ordenado condigno, que não oferece carreira, que não oferece um trabalho… que não oferece um futuro! Destas dezenas de milhares de enfermeiros, apenas uma fracção foi substituída, cabe a quem fica trabalhar por 2 ou 3. Não deixa de ser incompreensível esta situação, uma vez que é na enfermagem onde encontramos uma das mais altas taxas de desemprego, superior a 50% entre os recém-licenciados!

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A Liberdade

A Liberdade abriu as portas das masmorras onde apodreciam os presos políticos, nacionalizou a banca e entregou as terras aos camponeses. A Liberdade encostou os pides à parede. Trouxe direitos e pensões, instituiu o salário mínimo, as férias pagas e o subsídio de desemprego. A Liberdade construiu creches, escolas e hospitais para todos.

A Liberdade levantou no alto das estátuas equestres uma bandeira vermelha, defendeu com a vida os Centros de Trabalho do PCP, proclamou a igualdade entre mulheres e homens, saiu à rua em Maio, ocupou as fábricas, declarou o fim da guerra e escreveu na Constituição que era para “abrir caminho para uma sociedade socialista”.

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Dizer mal dos ciganos não tem mal

Foi com total estupefacção que ao ler o jornal me confrontei com um Acórdão do Tribunal da Relação do Porto que condena um Advogado ao pagamento de 10000 euros de indemnização a uma juiz, «para realização de uma ampla e variada panóplia gama de interesses e pensando-se no custo material daqueles cujo desfrute poderá, em nossa perspectiva, adequadamente compensar a autora, proporcionando-lhe correspondente satisfação moral reparadora do dono sofrido».

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Quem aperta as mamas da Helena?

A Helena Matos, no Blasfémias, não vê mal em que se espremam as mamas das mulheres como forma de provar que estejam a amamentar. Certamente que o plural é abusivo; ela fala por ela e por pessoas como ela. A Helena, como boa liberal, com certeza não se importa que o patrão lhe aperte as mamas para confirmar se está ou não a amamentar, para poder gozar um direito – o escândalo, um trabalhador com direitos! – que lhe é conferido pela lei. Para a Helena é normal e, confesso, estou curioso para saber como têm sido as entrevistas de emprego de Helena Matos ao longo dos tempos. Se é que alguma vez foi a alguma. Terá feito o teste da virgindade? Será que foi devidamente avaliada, com direito a palpação?

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Espreme a mama, se não der leite, não há direito?

Escrito que foi, ao correr da pena, na sequência dos comentários e algumas achegas que entretanto me chegaram, ficaram duas questões por abordar aqui.

Então, na continuação da prova por expressão da mama:
E se a mama não der leite? A trabalhadora deixa de ter direito ao período de duas horas diárias?

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Espreme a mama, a ver se dá leite

Esta notícia tem gerado várias reacções de indignação. Nada que não aconteça diariamente, mas finalmente tem alguma visibilidade nos jornais.

As barbas desta prática (e aqui sem intenção sexista, as técnicas ou superiores hierárquicas que apertam as mamas às trabalhadoras são geralmente mulheres, quem manda são homens e mulheres) têm anos e são denunciadas há décadas (sim, décadas), particularmente no sector da grande distribuição. Isto é: nos hipermercados Continente. A primeira vez que ouvi falar disto foi através de uma denúncia da União de Sindicatos de Braga, em 2006, talvez, numa fábrica de baterias.

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