A situação é muito grave e exige uma resposta que “PÁRE PORTUGAL”. É que tem mesmo de PARAR TUDO! Aquilo dos coletes em França foi giro e até “li na net” que o governo de lá “cedeu”. A tudo. Foi uma limpeza. Aqui a situação também é muito grave. Mas é muito grave porquê? Porque vou eu, afinal, levantar este rabinho do sofá e participar numa “manif” pela primeira vez na minha vida? Porque vou eu ser um futuro colete amarelo? Fácil. VAMOS LÁ, Portugal, vamos lá dizer isto a plenos pulmões!
Red Light District: as montras da satisfação dos homens
São cerca das 22 horas. Todo o dia, desde que saí à rua, todos os caminhos iam dar a um sítio: Red Light District. Por mais que procurasse este ou aquele museu, esta ou aquela rua, as indicações sublevavam o ex libris da cidade, o tal de Red Light. Nas montras das lojas de recordações, objectos fálicos, todo o tipo de brinquedos sexuais i <3 Amsterdam e as afamadas montras. Montras de mulheres.
São cerca das 22 horas. Começo a descer a rua e logo se vêem as luzes vermelhas para as mulheres e as roxas para as transexuais. É difícil ver para além das luzes: são hordas de homens. Deslocam-se em grupo, enchem as ruas, não é fácil andar por ali. De todas as nacionalidades, só um motivo os leva ali: comprar mulheres.
Silêncio

Calados, caladinhos, cabeça baixa, orelhas que tapem os ouvidos, que vão falar os comunistas. Os velhos e cansados, os que desde 1921 que vão acabar, os retrógrados e contra o progresso, mais o liberalismo que é o futuro, mais o feminismo urbano-burguês. Mudos, calados obedientes, que o pensamento é só um, só pode ser um, que é a natureza humana. Calem-se as ideologias estafadas da igualdade de oportunidades do trabalho com direitos e do direito ao trabalho. São millenials, querem T0 com 2 metros quadrados, querem Uber e Glovo, que se foda quem paga as motas e os carros. Isto salva-se com o Banco Alimentar, desde que não haja bifes, porque temos de deixar que nos roam os ossos. Não há uma app que mastigue por mim? É a vida, só há um caminho, é a natureza humana, que é fodida, porque o ser humano é egoísta quando nasce. Claro que há igualdade desde que não abane o défice, que o défice cai bem em qualquer mesa, não pode é haver muita chatice, diz que é pessoal lá em Bruxelas que diz que somos uns calões; calados e mudos. O quarto poder e tal, que anda um bocado mau, o senhor Presidente da República até falou sobre isso.
Mariposas, a eterna luta pela igualdade

Patria, Minerva, Maria Teresa, três das quatro irmãs Mirabal, que a 25 de novembro foram brutalmente assassinadas por Rafael Trujillo, ditador dominicano. Assumidamente antifascistas, lutaram contra a opressão e empobrecimento das camadas trabalhadoras e por isso foram presas e torturadas, repetidamente, até à sua bárbara execução. E é em honra a elas que se instituiu o Dia Internacional para a Erradicação da Violência sobre as Mulheres.
Eventualmente, precários – Um abraço de Leixões até Setúbal

Hoje foi o dia, mais um dia, em que o Governo do PS alinhou num plano para furar a luta de cerca de 90 trabalhadores, que o são eventualmente, num plano orquestrado em conjunto Operestiva. O pretexto é, como não podia deixar de ser, a Autoeuropa. A empresa que é o alfa e o ómega do que são as nossas exportações e, por isso, tem de valer tudo. Não podemos pôr as pessoas à frente do PIB, não vá o PIB atropelá-las, o PIB que vai subindo a toda a velocidade, rumo nos píncaros de todos os PIB, nos Himalaias dos PIB. A Autoeuropa e os seus trabalhadores, que também são um exemplo de união e luta e eram os melhores do Mundo até dizerem não à administração. A partir daí, passaram a ser uns irresponsáveis que, citando Camilo Lourenço “mereciam salário zero”.
Mas o fascismo não faz mal ao béu-béu
O fascismo não entra pela sala adentro com certidão do notário e uma suástica na testa a apresentar-se «Nazi Fascismo, muito prazer».
O nazi-fascismo não acontece quando as SA se lembram de vir para a rua de bota cardada e corrente na mão. É preciso uma legião de pessoas que não se interessem por política e que, por isso, não queiram saber se o super-herói justiceiro é anti-semita ou neonazi. A ideologia é uma sensaboria para os beatos do homem-forte porque o que interessa é que ele faz e acontece: pula escorreito as alpondras da lei e da política e faz, pelas próprias mãos, sem precisar de burocracias nem direitos nem de outras dilações maçadoras, a justiça da multidão.
Eu não quero ter de pagar também o Montepio.
Da banca portuguesa tal como a conhecíamos antes de 2009, resta muito pouco. O BPI e o BCP foram abandonados pelos seus accionistas nos momentos críticos e só o apoio do Estado os pôde salvar. O BES faliu, alvo do saque pelos seus principais accionistas, comprometendo fortemente a estabilidade do sistema financeiro. O Banif, gerido como uma chafarica ao longo de décadas, com o compadrio de sucessivos governos e do Banco de Portugal, acabou por rebentar nas mãos dos portugueses com um custo muito superior ao valor do banco. Do BPN, banco de Cavaco e sua camarilha, restam ainda estilhaços de milhares de milhões de euros enfiados pela carne de cada português adentro. Do BPP, pouco diferente será a história, excepto na dimensão.
Afinal, quem matou Luna Borges?

Há uma revolta que ferve nas veias quando vemos que há quem durma placidamente na sua cama indiferente às consequências dos seus actos. Fixem bem este rosto. Não é um número para acrescentar a qualquer estatística. É uma menina e chama-se Luna. Morreu ontem num hospital no interior da Venezuela.
O pai, meu amigo, desesperado, bateu a todas as portas para conseguir os medicamentos necessários para evitar que o coração da menina de um ano e sete meses deixasse de bater. Hoje, a raiva que Gustavo Borges expressa é a de um povo que resiste a uma agressão à que ninguém dá atenção porque jornais, rádios e televisões tratam de tergiversar o que se passa aqui.