Miró como punhos

Um membro da aristocracia espanhola pediu ao antigo BPN um empréstimo de vários milhões de euros e deu como garantia uma colecção de obras de arte da autoria de Miró. Como um dos créditos que levaram o BPN à falência era esse, a “nacionalização” do BPN integrou a colecção num perímetro de activos que resultavam do antigo BPN. Esses activos estão, ainda hoje, ao cuidado de duas empresas públicas: a PARVALOREM e a PARUPS, dirigidas politicamente pelo Governo a quem prestam contas.

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“Rebeldes”

Com o “Estado Islâmico” a desaparecer a alucinante velocidade das notícias que por cá passam sobre a Síria, a expressão “rebeldes” (durante algum tempo caída em desuso e outrora usada no contexto da agressão contra a Líbia, que deixou o país à mercê do jihadismo transnacional) regressou em força às páginas dos jornais, noticiários radiofónicos e comentários televisivos sobre os mais de cinco anos de destruição absoluta daquele que foi um dos mais desenvolvidos e estáveis países da mais instável região do globo terrestre.

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A última viagem de Lénine

A Associação Cultural Não Matem o Mensageiro representa neste Portugal dominado por visões niilistas e mercantilistas da arte uma lufada de ar fresco, um regresso renovado a um teatro feito por gente comum para pessoas comuns, sem medo de assumir o comprometimento político e social que o contexto exige. Assim foi com a peça “Marx na Baixa” e depois com “Homem morto não chora”. Agora o teatro politicamente comprometido volta à cidade com “A última viagem de Lénine”, peça encenada por Mafalda Santos, com base no texto original de António Santos e interpretação de André Levy.

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Uma pipa de chantagem

Em Julho de 2014 o então presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, veio a Portugal anunciar 26 mil milhões de euros de fundos comunitários para apoiar Portugal e a sua economia. Nessa altura referiu-se aos “apoios” comunitários como “uma pipa de massa”, e prescreveu uma mordaça àqueles que “dizem que UE não é solidária”. Acontece que dois anos passaram, Barroso alcançou a reforma dourada no polvo financeiro norte-americano Goldman Sachs, e a “pipa de massa” comunitária passou a ser uma arma de chantagem da burocracia de Bruxelas contra Portugal e o tímido exercício de soberania que inverteu algumas das muitas malfeitorias levadas a cabo pelo governo PSD/CDS entre 2011 e o fim de 2015.

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Brasil – Não existe pecado do lado de baixo do equador!

Quando os colonizadores chegaram levavam consigo a moral hipócrita imposta por normas religiosas que vigoravam na Europa de então. Comportamentos que eram reprováveis à luz da moral de então na Europa mas que, nos trópicos, pela distância e condição dos povos colonizados, quase tudo se permitiam fazer.

Fruto ou não desse largo e marcante período histórico, a sociedade brasileira não só não conseguiu superar estas características negativas que alicerçam também a sua formação como nação, como as ampliou à gigantesca dimensão actual do país.

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O Porto de um homem só

Parece reinar hoje na cidade do Porto o unanimismo em torno da figura de Rui Moreira. O actual presidente da Câmara, conotado com as linhas de PSD e CDS, conseguiu esvaziar estes partidos na cidade e, ao que parece, acabou por agregar o PS, que já declarou o seu apoio ao menino da Foz. Rui Moreira, eleito como independente apoiado pelo CDS tem, no entanto, um problema que não é defeito, é feitio: acha que quem não concorda com ele ataca o Porto. E talvez na raiz desse problema esteja mesmo a tal quase unanimidade em torno do autarca. O Porto vai perdendo a capacidade crítica e a capacidade de pensar, de contrapor, de propor.

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Marcelo, o moralista selectivo

Marcelo, o político pós-político, tem dedicado boa parte da sua asfixiante presidência à proclamação de princípios gerais de uma ética redonda, com a qual todos (ou quase todos) estarão de acordo. Nas recentes comemorações do 5 de Outubro, retomadas depois de alguns anos de interrupção reaccionária, Marcelo optou por enviar recados à chamada “classe política”, expressão mediática que procura meter no mesmo saco pessoas e organizações que na prática quotidiana não apenas representam ideias e comportamentos distintos, como o fazem em defesa de projectos políticos muito diferentes. Ora, o que Marcelo disse não levanta grandes objecções em praticamente nenhum sector da sociedade portuguesa. E por isso, o problema não é o que disse, mas antes o que fez e faz.

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