Liberdade editorial versus liberdade de expressão

“Mas não é por acaso que se vê, de cada vez que se avançam perspectivas para uma beneficiação e elevação dos programas televisivos, que os remédios válidos mostram ser sempre e só remédios de ordem política; só a ideologização do meio técnico pode mudar o seu cunho e a sua direcção. Mas a ideologização não significa “partidarização”; significa apenas imprimir na administração do meio uma visão democrática do país; bastaria dizer: usar o meio no espírito da Constituição e à luz da inteligência. Todos os casos em que a nossa televisão tem dado boa prova de si, no fundo, não foram mais do que deduções correctas deste teorema.” (Umberto Eco em Apocalípticos e Integrados, 1964).
Foi esta semana conhecido o Barómetro de Comentário Político Televisivo Maio 2016, um trabalho do Laboratório de Ciências de Comunicação do ISCTE-IUL. E vale a pena a sua leitura e análise.

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IRS à moda da direita

Vamos a contas. Declaração de IRS relativa aos rendimentos de 2015. Declarei 3.854,70€, todos relativos a rendimentos como trabalhador independente, vulgo recibo verde. Tirando uns 15% deste valor, mais coisa menos coisa, este dinheiro foi recebido na também vulgar condição de falso recibo verde, ou seja, devia ter tido contratos de trabalho, a prazo, nos casos em questão. Durante o ano fui juntando 2+2 e portanto não fiz retenções na fonte, achando que, a exemplo dos anos anteriores e com tão pouco rendimento, ficaria a zeros no deve e no haver.

Continuando. Parece que com este valor de rendimento, a Autoridade Tributária aplica, sobre 75% do rendimento, uma taxa de 14,50%. Ou seja, não tendo eu dependentes e não tendo pessoas a cargo, insiro-me no quociente familiar 1. Ora isto resulta em quê? Resulta que 419,20€ teriam de ser pagos ao Estado. Ora como fui pedindo facturas ao longo do ano, atingi um valor de deduções à colecta de 286,28€. Para além disto, tenho um benefício municipal de 1,33€, obrigado Câmara Municipal de Viseu.

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VI Lénine, a caminho de Lisboa

Antes de morrer, em 1924, o revolucionário russo Vladimir Ilitch Ulianov, também conhecido como Lénine, foi vítima de terríveis alucinações. Febril e quase paralisado, recorda a sua irmã Maria, chegou a pedir veneno a Stáline para acabar o suplício. Até aqui tudo é histórico.

Segundo o próprio, em Janeiro desse ano, o médico mandou-o apanhar um comboio para Lisboa, onde deveria ser examinado por um médico famoso. Contudo, ao chegar a Lisboa, Lénine depara-se com um mundo estranho que, dizem os jornais, é 2016. Confuso e frustrado, depois de uns dias a vaguear pela cidade, o líder comunista decide regressar à Rússia. É à espera do comboio, em Santa Apolónia, que o encontramos, humano, lúcido, intempestivo e a lutar para compreender quem é que afinal, no meio desta realidade surrealista, está mesmo a alucinar. É esta, grosso modo, a história da peça de teatro «A Última Viagem de Lénine», que a associação Não Matem o Mensageiro estreia em Outubro, no Teatro da Trindade, quando a revolução russa celebra 99 anos.

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Rui Moreira Rio

O Rui Moreira confunde a sua vontade com a vontade da cidade do Porto. Felizmente, e como todos sabemos, já existia Porto antes do Rui Moreira e, curiosamente, também já existia PCP antes do Rui Moreira. O PCP está a favor da cidade do Porto, como sempre esteve, embora esteja contra o Rui Moreira. Por incrível que isso possa parecer, ao presidente da CMP, há quem não concorde ele. Chama-se democracia e foi por isso que o PCP lutou anos e anos na clandestinidade, embora isso possa parecer estranho a quem representa, encapotadamente, os dois partidos que são herdeiros da outra senhora.

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“Porque é que ainda votas em Viseu?”

“Porque é que ainda votas em Viseu?” Fazem-me esta pergunta repetidas vezes. Por várias razões talvez mais sentimentais do que de outra índole, mas também por uma muito racional. Porque gostava de ver deputados eleitos por Viseu a defender o seu distrito.

Vamos então aos nomes dos deputados eleitos por Viseu que votaram contra a extinção de portagens na A24 e A25: António Borges (PS), António Leitão Amaro (PSD), António Lima Costa (PSD), Hélder Amaral (CDS-PP), Inês Domingos (PSD), Isaura Pedro (PSD), José Rui Cruz (PS), Marisabel Moutela (PS), Pedro Alves (PSD). 9 em 9, BINGO! Nem um furou à disciplina de voto, e noutros distritos até houve quem furasse.

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A luta é dos trabalhadores e só ela conquista direitos

A situação na Grécia tem sido elemento noticioso essencialmente por questões humanitárias e pelas condições em que os refugiados têm chegado às suas várias ilhas.

Mas há algo que tem passado ao lado dos meios de comunicação social. Desde a tomada de posse do governo Syriza, a luta dos trabalhadores tem sido intensa, reiterada e tem enchido as ruas gregas com as reivindicações a que se aliam estudantes, reformados, movimentos sociais anti-racistas e antifascistas, numa unidade e solidariedade que tem chegado de vários países e de trabalhadores dos sectores privado e público. E intensa solidariedade também da PAME e dos trabalhadores com os refugiados, que têm estado ao lado destes, com distribuição de alimentos, abrigos e com a exigência de uma política que os respeite e dignifique como seres humanos.

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