Autor: Ivo Rafael Silva

‘TAP’ar o sol com cinismo

É de um cinismo atroz e insultuoso. O ministro Pires de Lima acaba de anunciar a requisição civil invocando o facto de a TAP prestar “serviços essenciais de interesse público” e fundamentais para o “funcionamento de sectores vitais da economia nacional.” Ao mesmo tempo que, no âmbito desta requisição civil, o governo se apresta a reconhecer a importância da TAP para o nosso país, prepara-se igualmente e com afinco para vendê-la o mais depressa possível ao grande capital estrangeiro.

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Mais uma «guinada à esquerda»

No espaço de poucos dias, António Costa já deu a entender por duas vezes com quem e para quem é que o PS quer de facto governar. Depois de ter saído com um “ar encantado” da reunião com Passos Coelho apelando à urgência de uma coligação pós-eleitoral com o PSD, desta vez António Costa decide dar como “grande exemplo” histórico a coligação PS-PSD que (des)governou o país entre 1983 e 1985. António Costa demonstra assim ter mais orgulho e consideração pelo governo de coligação com o PSD, do que, por exemplo, pelo primeiro governo de José Sócrates no qual o PS teve maioria absoluta. Compreende-se que António Costa queira por agora afastar-se de Sócrates, mas era pouco expectável que o fizesse de forma tão vexatória.

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Viraram tanto «à esquerda» que…

No passado sábado, ao discursar no encerramento da XI Assembleia da Organização Regional do Porto do PCP, Jerónimo de Sousa sublinhou que só fala em “viragem à esquerda” quem de facto tem “andado pela direita”. Pois bem, depois do encontro fraterno de hoje de Passos e Costa, só não se pode dizer que “caiu a máscara” a este PS, pela simples razão de que essa máscara nem sequer chegou a ser colocada.

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A habitual falácia do PS

Sempre que ao longo da história da democracia o PS quis substituir o PSD no poder, a estratégia foi sempre a mesma. Falar «à esquerda», exortar a esquerda a compromissos, mostrar vontade de coligações, intenção de propor acordos, de formação de maiorias, estabelecer concertações, mostrar que «agora é que vai ser de esquerda» e que vai ser diferente dos governos PSD/CDS. No período pré-eleitoral a disponibilidade foi sempre a melhor, a abertura a «entendimentos» foi sempre total. Contudo, em retrospectiva, uma coisa foi o discurso antes de eleições, outra coisa foi a sua prática depois de chegar ao poder. Foi sempre assim. Com Costa, já se percebeu, não só não está a ser diferente, como se prevê que vá terminar exactamente da mesma forma. 

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O «Barómetro» Sócrates

«Agora é que se vai ver se esta Justiça é uma Justiça a sério». «Agora é que a Justiça vai mostrar se é mesmo democrática e independente». «Ou ele é culpado e condenado, ou os tribunais não valem nada». «Se há este circo todo e depois nada se prova, a nossa Justiça perderá todo o crédito». Variáveis destas frases, declarações mais ou menos semelhantes, textos mais ou menos explícitos têm repetido esta ideia central: a detenção de Sócrates não é somente um caso de uma alta figura na Justiça portuguesa; muito mais que isso, configura-se como um autêntico «barómetro» que vai «medir», «avaliar», «qualificar» a Justiça que vigora em Portugal. Há quem vá um pouco mais longe e afirme, com todas as letras, que a sentença vai «pôr à prova» o próprio «regime democrático», «o Estado», «as Instituições», «a democracia». Descontando o que é apenas produto do delírio quase religioso da velha entourage socrática, acontecendo isto num país que é governado há três anos por um governo que tem como prática ‘normal’ cometer sucessivos, reiterados e assumidos atentados à Constituição da República, que é só a Lei Fundamental, só por brincadeira é que se pode achar que é este «caso Sócrates» que vai «medir» a «qualidade» da nossa Justiça, das instituições ou da nossa democracia. Ou é fanatismo ou é humor. Como fanatismo é deplorável e doentio; como humor é um autêntico fracasso.

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Salvar a criança? Façam um empréstimo!

Julgo que hoje já não são tão poucos assim os que, neste país, têm consciência de estarmos a ser governados por um bando de gente fanática, desprovida de humanidade, extremada, radical, fundamentalista do dinheiro e do financeirismo sem escrúpulos. A coisa acaba de atingir porém o cúmulo da nojice, da indignidade, e faltam-me adjectivos que expressem a real dimensão da minha indignação e repulsa, face à “solução” encontrada pelo governo para “ajudar” os pais da criança prematura em risco de morte no Dubai. Quem nos conta é a própria mãe na sua página do facebook.

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UGT/Governo: a «Aliança Estratégica»

As comemorações do aniversário da UGT decorreram com a maior das transparências. Da mesma forma que nas festas de aniversário mais comuns fazemos questão de convidar aqueles que amamos e que nos são mais próximos, como pais, esposas, maridos, companheiros(as), irmãos e/ou amigos chegados, a UGT convidou o líder do governo e, como cereja no topo do bolo, um dos seus mais bem-sucedidos e competentes ministros: Nuno Crato. Uma vez mais ficou claro o que representa e quem representa, no fundo, essa auto-intitulada “central sindical”. Ficou claro – repito, uma vez mais – para que serve, ou para que tem servido, ao que vem e para onde quer continuar a ir, a UGT e os seus dirigentes. Em nome de trabalhadores e sujando com o que há de pior a palavra “sindicalismo”, a UGT já não tem vergonha de demonstrar de forma clara, evidente, despudorada, que o seu compromisso não é com os trabalhadores, não é com os explorados, mas precisamente com quem os explora, quem os mal trata, quem os despede, quem os precariza, quem os condena à miséria social. Foi o próprio primeiro-ministro quem, num assomo de pura sinceridade, referindo-se à proximidade do governo com a UGT, apelidou muito justamente essa “parceria” como “aliança estratégica”.

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A Missão de Barroso foi Cumprida

Durão Barroso terminou a sua muito bem paga função de presidente da Comissão Europeia com o mais retumbante sucesso. Sucesso, diga-se, tendo em conta evidentemente os interesses que serve, ou dos quais faz parte, nomeadamente alcançando na plenitude o seu grande objectivo ideológico: servir os poderosos, subjugar e capturar os mais fracos. Hoje a realidade social e económica dos países-membros da UE não deixa margem para dúvidas: os países ricos estão mais ricos, as grandes potências crescem ou consolidam-se, e os países pobres estão nitidamente mais pobres, nos lugares últimos que lhes estarão ad aeternum reservados. 

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