Nem mesmo a revelação de que o Comité Nacional do Partido Democrata (PD) sabotou a campanha de Bernie Sanders fez o senador do Vermont retirar o apoio político que, no dia 12, entregara a Hillary Clinton. Se já todos sabíamos que as primárias democráticas foram tudo menos democráticas, a fuga de mais de dez mil emails da Comissão Nacional, prontamente atribuída por Hillary à Rússia, veio revelar os requintes anti-semitas e fundamentalistas com que a direcção daquele partido procurou denunciar as raízes judaicas de Sanders ou, pior ainda, expor o seu alegado ateísmo. «Para a minha malta baptista no Sul há uma grande diferença entre um judeu e um ateu», pode ler-se num email divulgado pela Wikileaks em que Brad Marshall, chefe das finanças do PD, pondera a estratégia de ataque a Sanders na comunicação social.
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Convenção Convencional
Após a nomeação formal do “humilde” Donald Trump e seu vice Mike Pence, chegou a vez da Convenção do Partido Democrata que se inicia hoje. Não se esperam nenhumas surpresas. Hillary Clinton já anunciou o seu vice, Tim Kaine, uma escolha desinteressante de um centrista relativamente pouco conhecido pelo eleitorado. Mas mais seriamente, uma escolha que desilude o eleitorado progressista do Partido que se havia galvanizado e mobilizado com a candidatura de Bernie Sanders. Clinton parte para a Convenção, uma corrida começada há muitos anos, com uma diferença tangencial face a Trump (ver), mas parece desvalorizar o eleitorado de Sanders e os temas que foram os pilares da sua candidatura.
O que o plágio diz sobre o plagiado
Recalcado, o trauma está lá há quase um século, desde que os EUA substituíram o Velho Continente como difusor cultural hegemónico no mundo. As classes dominantes europeias, muito afeitas a grandezas de primeiros lugares, tiveram de se acocorar na posição adestrada de imperialista-adjunto. Mas não sem bile: «Eles têm o dinheiro, mas nós temos a talha dourada! Eles têm o poder, mas são nossos os passaportes dos inventores e artistas emigrados!».
É um rancor antigo e verdadeiro, malgrado rebuçado quando o patrão está a ver, mas que vem à tona, em toda a sua desfaçatez, quando se trata de fazer troça das supostas incultura e estupidez dos EUA.
Land of the free home of the brave…a quem serve a violência?
“A invenção da ratoeira não é dos nossos dias, desde que as sociedades em formação inventaram alguma espécie de polícia, a polícia inventou as ratoeiras”
Alexandre Dumas, Os Três Mosqueteiros
A Europa será dos trabalhadores. Ou não será.
Discuto todos os dias comigo mesmo. A avalanche de informação contrária às minhas ideias é tão avassaladora que me faz reflectir uma e outra vez se não estarei errado. Tenho de provar a cada minuto que as minhas convicções não são um capricho desligado da realidade. Há um século, Lénine proclamava que a prática é o critério da verdade e nunca deixei de usá-la para medir a distância entre o que penso e o que existe. Ainda antes do génio da revolução bolchevique e antes da própria Comuna de Paris, os representantes políticos da esquerda francesa olhavam com desconfiança para os primeiros operários que tentavam candidatar-se. Advogados, médicos e escritores entendiam que sabiam melhor das reivindicações do que operariado e que não fazia qualquer sentido sentarem-se na mais importante câmara da política francesa. Hoje, como desde então, o preconceito persiste.
Um onze inicial de classe redobrada

Além de um entretenimento de massas, que por esta altura ganha contornos absolutamente desproporcionados e muito saturantes, o futebol pode ser também um meio de expressão, de luta e protesto. Assim e aproveitando a época, hoje apresenta-se um onze, de jogadores de futebol, de notoriedade diversa, com mais ou menos razão, de vários pontos do mundo, que em certa altura das suas carreiras decidiram fazer mais do que apenas jogar futebol.
Álfon: um ano depois, continua preso porque lutou contra as políticas antissociais e anti-trabalhadores
Ontem, 17 de Junho, conta-se um ano sobre a prisão de um jovem trabalhador, do Estado Espanhol, de Vallecas. Um ano de uma prisão injusta, sem quaisquer garantias processuais, com alterações de provas e acusações falsas.
Na passagem dos seis meses, deixei aqui ficar um texto que conta as manobras de culpabilização e de mentira da justiça espanhola para prender trabalhadores, activistas, sindicalistas. E convém relembrar que normalmente, não leva muito tempo a que as mesmas práticas se repitam do lado de cá. Por isso mesmo, deixo de novo o texto. Um jovem, já terá 25 anos, encarcerado porque lutou contra as políticas antissociais e anti-trabalhadores. E, essa notícia, não chega cá. Como sempre.
Alerta! Alerta antifascista. Não passarão.
Em Março deste ano, por altura de um jogo da “Liga dos Campeões” entre o Atlético madrileno e os holandeses do PSV, foram divulgadas imagens de adeptos holandeses que em pleno centro da capital espanhola atiravam moedas a um grupo de “mendigos” (que algumas fontes identificaram como refugiados). Semelhantes imagens repetiram-se hoje, em Lille, tendo adeptos ingleses como protagonistas e um grupo de crianças como vítimas. Em Lille, como aliás em Madrid, habitantes da cidade sentiram-se indignados e protestaram perante as gargalhadas, a indiferença e gozo alarve da mole embriagada pelo álcool e pela sensação de superioridade face a todos aqueles diferentes de si. O Euro2016 assume-se cada vez mais como a indesmentível montra da pobreza moral da Europa.