Todos os artigos: Internacional

O futebol não explica o mundo mas… lembra muita coisa.

Correram mundo as imagens dos diversos incidentes ocorridos ontem no jogo de futebol entre a Sérvia e a Albânia. Ganhando destaque a imagem do jogador Sérvio que agarra uma bandeira da “Grande Albânia” transportada por um drone que sobrevoava o relvado.

Se algum mérito se pode encontrar naquela provocação, é que ela lembrou a tensão que se mantém na região. Certamente o futebol não explica o mundo, mas por vezes pode expressar histórias, realidades e sentimentos que se procuram ocultar.

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Outubro

Era um vez, há muito, muito tempo atrás, um país onde quem ordenava era o povo. Pode parecer impossível, mas nessa terra distante, os teatros eram gratuitos, só se trabalhava sete horas, os estudantes eram pagos para continuar a estudar e quando alguém ficava doente, havia hospitais onde não se pedia dinheiro nem seguros de saúde.

Mas esse mundo desapareceu: os teatros voltaram a ser caros, voltou a trabalhar-se doze horas por dia, os estudantes passaram a ter que se endividar para poder estudar, os hospitais voltaram a ser um privilégio dos ricos e nós, passada a vertigem bárbara dos anos noventa, voltámos a debruçarmo-nos como arqueólogos sobre as ruínas engolidas pela selva do dinheiro, querendo saber tudo sobre esse tempo, como nasceu, como viveu e como morreu.

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O imperialismo existe

O processo mental de construção daquilo que quero escrever é uma espécie de nuvem que se vai alimentando de factos até crescer de tal forma que desagua numa tormentosa necessidade de escrever. Acontecimentos tão distantes geograficamente como os que se passam no Curdistão, na Venezuela e em Portugal cruzam-se com outros cuja distância não se mede em quilómetros mas em anos. Há pouco tempo, com um amigo colombiano que visitava a capital portuguesa pela primeira vez, debatíamos sobre a miserável assepsia que brotava da ideia dominante de que a Europa era um continente exemplar. Meses antes, havíamos estado num remodelado mercado de uma cidade europeia que já fora palco de violentos combates entre o operariado e as forças da repressão. Depois de um processo de reconfiguração, o que havia sido um importante centro industrial era agora um cartão de visita para o turismo. Do fumo das granadas de gás e dos fortes cheiros que cuspiam as fábricas envolventes aos estaleiros, agora o ar que se respira é quase impoluto.

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O imperialismo também usa silenciador

Esta tarde, o deputado venezuelano Robert Serra, eleito pela zona de Caracas que inclui o bairro 23 de Enero, baluarte da revolução bolivariana, ia participar numa conferência consignada ao tema «Fascismo, vanguarda extrema da burguesia». Mas já não vai. Caiu assassinado mais a sua companheira na noite passada. Para lá da especulação, há boas razões para suspeitar do imperialismo, essa mão invisível que se abate sobre os povos mas que só se confirma décadas depois quando se desclassificam documentos.

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“Exemplar”.

O que espanta nos resultados do referendo escocês é a escassa diferença entre “Sim” e “Não”. O que espanta é a extraordinária mobilização em torno da ideia e da ambição de independência, quando durante a campanha eleitoral todos os poderes do mundo – a União Europeia, os Estados Unidos, a NATO, o FMI, a banca, o governo inglês e até a rainha lá do burgo – ingeriram de forma clara no processo. Um processo “exemplar”, nas palavras de Teresa de Sousa, a eminência que opina sobre assuntos internacionais e europeus na rádio pública. De resto ouvi esta manhã na Antena1 que “os mercados respiraram de alívio com o resultado do referendo”. Alívio para os mercados, pesadelo para os povos.

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Sim à Escócia Independente!

Celebra-se hoje na Escócia o referendo que deposita nas mãos do seu povo a soberania perdida há quatrocentos anos. Mas não nos iludamos, se o sim ganhar, o povo escocês continuará oprimido. A liberdade verdadeira só virá com o socialismo e, como se perguntava Connolly, de que serve substituir a Union Jack, por outra qualquer bandeira, se quem continuará a governar serão outros representantes da mesma burguesia?

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De suspeitos a culpados num título do JN

Todo o português comum que acompanhou e acompanha os inúmeros e intermináveis processos judiciais altamente mediatizados que ao longo dos últimos anos encheram jornais, telejornais e noticiários radiofónicos sabe que a chamada “presunção de inocência” é um dos sacro-santos elementos do chamado “estado de direito”, que por cá é verdadeiro estado de direita. Nada contra a presunção de inocência, bem pelo contrário. Um suspeito de determinado crime apenas é culpado quando a acusação consegue demonstrar a sua culpa e um tribunal reconhece essa mesma prova como válida, o que leva à condenação.

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