Não tivesse havido aquela votação expressiva num partido de extrema-direita – que alguns inocentemente continuam a tomar por «zanga com o sistema» -, os vários «senadores» da direita alegadamente tradicional e moderada, não teriam saído da solidão das suas cavernas para recuperar, de cara destapada, certas bandeiras reaccionárias já superadas pelo progressismo (possível) das mentalidades e das democracias políticas nas últimas décadas. Esses transportadores de antiguidades ideológicas, resquícios mais mortos que vivos da decrepitude de outros tempos, sentiram que o «ambiente» que, entretanto, se instalara no país acaba por ser, pois, bastante propício, acolhedor, bafiento o suficiente para a sua mensagem prosperar sem grande alarido. Sabendo que, pelo menos, 20% da população será chão fértil às sementes das suas velharias mentais, lá procuram lançar à terra lavrada os preceitos castradores da liberdade e das liberdades conquistadas (a ferros), sob pretexto de uma moralidade peçonhenta que se esqueceu de morrer. Fazendo-o nas barbas de Abril, à laia de provocaçãozinha subtil, vêm mostrar de forma evidente o quão perigosos são os tempos em que vivemos.
O Espaço Chegan
