Todos os artigos: Nacional

O Acordo Normal

O muito mediatizado – diria até festiva e apaixonadamente celebrado – acordo entre PS e PSD, não pode deixar de ser visto como um acto absolutamente normal. Mais do que possível ou provável, o encontro convergente entre os dois é acima de tudo ideologicamente inevitável. Mais tarde ou mais cedo, cairiam nos braços um do outro, alinhados sob qualquer pretexto de circunstância. Sabemos agora, de uma forma mais clara, que as declarações de António Costa sobre a “negação” ou “impossibilidade” da criação de um bloco central valem zero, e que a “possibilidade” de tal acontecer já não é sequer uma “possibilidade”: na verdade, ela já começou a ser construída.

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A nova fase da política de direita

Os últimos meses foram mostrando os limites finais e intransponíveis da actual solução governativa. O potencial de progresso que este governo transportava, a capacidade de reparar os destroços sociais do anterior governo PSD-CDS, esgotou-se, insuficiente, na irresolúvel natureza de classe do Partido Socialista.

Não se trata de apreciação pessoal nem de julgamento de intenções: parcialmente cumpridas as posições conjuntas assinadas à esquerda, o PS, cujo apanágio nunca foi morder a mão do dono, recusa-se a beliscar a legislação laboral de Passos Coelho, une-se à PàF para manter o País agrilhoado ao serviço da dívida, adopta como seus os ditames de Bruxelas e mantém incólumes as prioridades do governo anterior: fortunas para os bancos falidos dos privados e cortes para a cultura do povo; precariedade para a juventude e benefícios fiscais para as grandes fortunas; desprezo pelas necessidades do Serviço Nacional de Saúde e rapapés para as confederações dos patrões.

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Sinhá Raquel e o seu marido (que até é brasileiro)

Já são recorrentes as viagens na maionese da marquesa, nome carinhoso atribuído pela sua mãe e revelado nas suas crónicas sobre si própria, o seu tema preferido. Desde cedo a sobranceria em relação à classe trabalhadora é demasiado evidente, como nos beijinhos e bolos que gosta de enviar aos piquetes de grevistas que estão ao frio a lutar pelos seus postos de trabalho enquanto se diverte em programas de televisão a veicular informações absolutamente desinformadas.

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Não Sr. Presidente, não temos nada que agradecer a Passos Coelho! Nada!

Vindo do lado do PS não espanta, mas é necessário mesmo assim repudiar os circunstancialismos mentirosos. Ainda que, além de palmos de terra, os portugueses tenham o hábito de deitar elogios para cima dos esquifes, não se pode aceitar tal “rito” vindo de um presidente da AR. Enquanto foi deputado ou primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho nunca “serviu a causa pública”! Nunca!

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Como os nossos pais

Ao fim de vários dias de trabalho sufocantes não queria estar a perder tempo de descanso e arrastar-me dolorosamente até ao teatro. Não sabia ao que ia, o tema da peça, nada. Só sabia da minha exaustão e vontade de dormir.

Mal entro no D. Maria, em cima da hora, vejo o pequeno auditório cheio e uma sala com panos. Lembro-me então que a peça teria qualquer coisa a ver com operários. Mas não sabia o que estava para vir.

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Os lugares onde Marcelo não vai

O dom de Marcelo é ir a todo o lado sem nunca estar em lado nenhum. Omnipresente na comunicação social, falta à chamada sempre que o interesse nacional coincide com os interesses da classe trabalhadora. Onde está Marcelo quando as populações se batem pelos correios do povo? Porque não dá os seus «afectos» às quase 500 trabalhadoras da Gramax? Meio milhar de operárias com meses de salário em atraso defendem a dignidade e os postos de trabalho de um processo fraudulento de insolvência. Quando, em piquetes de 24 horas, à chuva e ao frio, desafiando a fome, a incerteza e muitos dramas familiares, as operárias da antiga Triumph impedem o roubo da maquinaria estão também a impedir a destruição do aparelho produtivo português. Porque será que Marcelo, sempre tão palavroso sobre moda, jogos de futebol, restaurantes e exercício físico, nada tem a dizer sobre esta matéria? Porque será que o Presidente, incansável na sua digressão afectiva, não vai a Sacavém?

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Chamem-me quando for para falar de política

Eu quero partidos próximos dos cidadãos, presentes em todo o território, por isso aceito a isenção de IMI para permitir essa presença.

Eu quero partidos financiados pelos seus próprios militantes e simpatizantes e não pelo Estado, por isso aceito que não haja um limite para os fundos não estatais que um partido pode receber.

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O postal dos correios enviado pelo PS

A fórmula é sempre a mesma: quando os números das receitas geradas não correspondem às ambições de patrões ou accionistas, a solução passa inevitavelmente por mandar uns quantos trabalhadores para a rua. Às vezes despedem-se dezenas, outras centenas, como é o caso concreto de que aqui se trata, e para os que ficam a certeza de cortes, congelamento de progressões e de salários. Deve haver algum problema com a formação sempre muito bem paga dos CEO’s ou gestores deste país, ou de outro qualquer, sempre saídos de eminentíssimas academias nacionais e internacionais, porque por mais habilitações, graduações ou anos de experiência acumulada que apresentem a sua fórmula “mágica” é sempre a mesma: há problema? Então despede-se!

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