Primeiro foi a mais que provável, adivinhável, programada queda do governo: não resultou. Depois foi a tentativa de granjear simpatias com a polémica dos colégios privados: também não lhes trouxe simpatias nenhumas, pelo contrário. A seguir vieram as sanções e as ameaças “da Europa” contra “o país”, contra o governo, numa “previsível catástrofe” que só se resolveria se Maria Luís Albuquerque “ainda lá estivesse”: também foi o que se viu. Ora, a que espécie de “liana” se hão de agora agarrar CDS e PSD, que navegam à vista, sem rumo definido, notoriamente incapazes de fazer oposição política com o mínimo de seriedade e bom senso? Quase que se podem ouvir as ordens a ecoar pelas paredes da São Caetano à Lapa: «Para atacar o governo, o PCP ou o BE qualquer coisa, pá! Qualquer coisa serve!»
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A importância de ser Ernesto

Oscar Wilde retratou (o uso da palavra é intencional, claro) na perfeição a importância da aparência em muitas das suas obras. Ernesto, o pobre e Ernesto, o rico, simbolizam a decadência da burguesia, competindo pelo amor de uma dama, para quem a imagem era tudo, independentemente do infortúnio que a esperava por detrás das máscaras de opulência e prestígio.
Passos e a Caixa

Já poucos se lembram de declarações de Passos Coelho sobre a privatização da Caixa Geral de Depósito, propósito que o ex-primeiro ministro deixou cair pela simples razão de não ter relativamente a essa medida um mínimo de apoio ou sustentação capaz de o segurar. Passos não gosta da Caixa e a razão deste desamor é simples: a Caixa é pública.
Nunca um português chegou tão longe
Quando visitávamos a aldeia da minha mãe, em Trás-os-Montes, o meu tio fazia sempre questão de apontar quem era o senhor que era pai do doutor, fosse o doutor juiz, médico, enfermeiro, professor, engenheiro, arquitecto, advogado ou outra coisa qualquer. Era o retrato de um país ainda com o fascismo cravado na mente, das aparências, da subalternização, mesmo quando já estávamos no final da década de 80 e a entrar nos anos 90. Era aquela reverência saloia que permanecia numa zona do país onde a electricidade ainda só chegava ao centro da aldeia. Os restos de um país com as contas em dia, porque naquele tempo é que era bom.
Um presidente poupadinho e beijoqueiro

«Marcelo abdica de carro de 150 mil euros. Marcelo paga viagem do seu bolso. Marcelo jejua para poupar. Marcelo foi a França a pé. Marcelo vai ao Brasil a nado. Marcelo compra iogurtes no Lidl em final de prazo de validade. Marcelo desliga televisão na tomada para não gastar em stand-by. Marcelo promulga leis no papel que embrulhou o bacalhau. Marcelo só descarrega o autoclismo uma vez. Por semana. Marcelo desliga o carro nas descidas. Marcelo usa chinelos dos chineses. Marcelo não lava as cuecas todas as semanas. Marcelo vira-as do avesso.»
Exaustão médica: Realpolitik VS. A Puta da Realidade
Quando vamos ao médico queremos ser atendidos bem, rapidamente e de preferência sair de lá curados. Calculo que todos os profissionais que nos atendem no SNS e no privado desejem o mesmo, Hipócrates assim obriga. Certamente que, como em todas as profissões, haverá melhores e piores profissionais, é o que é, não há grande volta a dar. Mas no caso dos médicos e médicas, quando há um erro é grave, é mais grave do que em quase todas as outras profissões. E não são poucas as notícias que nos chegam de possíveis negligências médicas ou de consultas que demoraram meses a acontecer e depois foram despachadas em minutos.
Oportunismo e mentira – a social democracia que lidera o Bloco de Esquerda

Foram muitos os anos em que, por respeito institucional, político e atendendo à enorme ofensiva em curso contra os trabalhadores, nada se dizia contra o Bloco de Esquerda e as suas dezenas de pulhices.
Estás grávida? Olho da rua.
