Que o João Labrincha (quem? pois.) confunde bastante a realidade que existe com a realidade que ele gostava que existisse, já todos sabemos. Que gostaria de ser um grande líder dos intelectuais e dos burgueses, também sabemos. O que não sabemos de João Labrincha?
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O Macedo que ainda não se demitiu
Sem que até aqui se tivesse percebido muito bem porquê, Paulo Macedo, à data e hora de redacção deste post “ainda” ministro da Saúde em Portugal, veio gozando na comunicação social dominante de uma invulgar «narrativa» que o «vendeu» – ou tentou «vender» – à opinião pública como «ministro bom» ou «ministro competente». A ocorrência verdadeiramente criminosa – não há outra forma de a classificar – de dois casos de extrema gravidade, no espaço de poucos dias, em que dois doentes acabam por morrer após horas de espera nas urgências de dois hospitais distintos – Lisboa e Santa Maria da Feira – só veio demonstrar aos olhos dos mais ingénuos ou dos mais distraídos acerca da verdadeira situação do sector da saúde neste país, o quão nefasta, fria, arrogante, desumana, indigna e criminosa pode ser a política do corte cego que norteia e perpassa todos – repito – todos os ministros e ministérios deste governo.
Sócrates, ou a vã glória de mandar

Inadvertidamente, o meu ouvido tropeçou numa «entrevista» de 6 perguntas a José Sócrates, ex-Primeiro Ministro de Portugal que, como todos sabem, se encontra detido preventivamente. Sobre direito penal, sou particularmente sensível às teses que se conjecturam quanto ao ordenamento jurídico que o compõe.
Não por ter desenvolvido qualquer paixão doutrinária por este ramo do direito mas simplesmente porque, enquanto advogada, contra a minha vontade é talvez o ramo do direito com o qual mais lido. Desenvolvi, pois, uma consciência sobre a sua estrutura essencialmente baseada na prática e na sensibilidade em relação a todos e cada um dos casos com que já me deparei.
Quem é Duarte Marques – Da vírgula ao ponto final

No princípio era a vírgula, e a vírgula estava mal posta. Depois, Duarte Marques criou o erro ortográfico, a parolice e a incultura e o PSD escolheu-o para a Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República. Sobre a educação, ciência e cultura de Duarte Marques já tudo foi dito: no Público chamaram-lhe analfabeto, no Inflexão corrigiram-lhe os erros, no Malomil encostaram-no à parede, no Aventar deram-lhe dois pares de tabefes e até o Corporações achou por bem chamar-lhe “bronco”.
Vera e Carla amam os seus filhos. Mesmo.
Vera
Vera dorme agora no centro da cama. O rádio desperta-a sempre numa estação em que as notícias quase não existam, não gosta de acordar com o que a rodeia. São oito da manhã, espreguiça-se, tenta abrir os olhos mas cala o rádio. Mais dez minutos.
Já de banho tomado e de vestido novo, maquilha-se frente ao espelho, tudo menos o baton, que só porá depois de comer os cereais de fibra, as torradas com manteiga light e tomate e um sumo de laranja natural.
2014
Palestina. Imigrantes africanos mortos. Demissão de Miguel Macedo. Inconseguimento. Lei da mordaça no Estado Espanhol. Cortes salariais. Declarações de inconstitucionalidade. Milhares de pessoas sem complemento solidário para idosos, rendimento social de inserção, abono de família, subsídio de desemprego. 40 horas para a Administração Pública. Lutas gerais e sectoriais todos os meses. Privatização da TAP. Privatização da Carris. Privatização do Metropolitano de Lisboa.
‘TAP’ar o sol com cinismo

É de um cinismo atroz e insultuoso. O ministro Pires de Lima acaba de anunciar a requisição civil invocando o facto de a TAP prestar “serviços essenciais de interesse público” e fundamentais para o “funcionamento de sectores vitais da economia nacional.” Ao mesmo tempo que, no âmbito desta requisição civil, o governo se apresta a reconhecer a importância da TAP para o nosso país, prepara-se igualmente e com afinco para vendê-la o mais depressa possível ao grande capital estrangeiro.
Que idade tem a tua fome?
“Um tostãozinho para a cascatinha!, Um tostãozinho para a cascatinha!” Era assim que, quando era miúdo, por duas ou três vezes – não mais – ali na Rua Óscar da Silva, em Leça da Palmeira, eu e os meus vizinhos abordávamos as pessoas que passavam, com um santo qualquer comprado à pressa no Senhor de Matosinhos. Não era empreendedorismo infantil, era só mesmo para ganharmos uma moedas, que serviriam para trocar por chicletes Gorila na loja da Ana Maria. A cascata nem era elaborada. Era um cartão pousado no passeio junto à entrada da ilha, umas ervas para enfeitar, se calhar, que íamos buscar ao quintal do Guarda Fiscal. Fazia-mo-lo pelo doce. As chicletes eram mesmo boas. Duravam pouco mas dava para nos alegrar os dias.